“Trabalhar com e para o ser humano!”
É assim que a enfermeira Diva Gregório vê a área da Enfermagem, uma paixão desde a entrada no Ensino Superior. Para se ser bom em qualquer área da Saúde, na sua opinião, é necessário gostar do contacto com pessoas, pois são elas a base de todo o trabalho futuro.
Que atividade(s) profissional(is) desempenha atualmente?
Neste momento sou enfermeira de cuidados gerais no serviço de Neurocirurgia do Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental.
Quando terminou a sua formação superior, imaginava ser o profissional que é hoje? Porquê?
Quando terminei a licenciatura, havia dois enfermeiros, meus orientadores, que me marcaram pela sua forma de estar e de ser na Enfermagem. Trazia-os como modelo da enfermeira que eu gostaria de vir, um dia, a ser. É verdade que tinha uma ideia da profissional que gostaria de ser, contudo, a realidade é que acredito que sou hoje uma enfermeira diferente, porque sinto ter conseguido aliar tudo aquilo que fui absorvendo com colegas e profissionais. A minha personalidade, as minhas crenças e formas de viver o mundo acabaram por ser a base de construção para aquilo que sou hoje.
De acordo com a sua experiência, o que é que é mais importante aproveitar/reter numa licenciatura, tendo em conta o profissional que se quer ser no futuro?
Acredito que tudo o que se aprende é importante. Mesmo aqueles ensinamentos que pareciam mais desinteressantes acabam por ser úteis em algum momento, quanto mais não seja para a nossa construção como ser humano que se relaciona, que tem de resolver problemas, pensar soluções e ser cada vez mais criativo. É no primeiro dia de aulas (às vezes ainda antes), quando conhecemos o espaço e os colegas, que tudo começa a moldar-se. Muitas vezes, mais do que os livros, apontamentos, testes ou exames, as relações interpessoais ditam muito do profissional que vamos acabar por ser no futuro. Na saúde, e acredito que também nas noutras áreas, de pouco ou nada nos servem profissionais que resolvem tudo, mas que não sabem relacionar-se entre si, nem com os doentes ou com as suas famílias.
O que é mais importante na transição da universidade para o mercado de trabalho?
A responsabilidade é algo que ganha um novo significado, por isso considero muito importante que esta seja uma das valências trabalhados durante o curso. A partir do momento em que entramos no mercado de trabalho, somos um trabalhador igual aos outros, o que significa que esperam de nós comp
etência e capacidade de trabalho. Assim, é imprescindível que se mantenha uma atitude séria e o mais próxima possível da realidade durante a formação académica, para que possamos melhorar ao longo dos anos de curso as competências que já possuímos e adquirir todas aquelas que são, ainda, novas para nós.
De resto, quando transitamos para o mercado de trabalho é importante que mantenhamos sempre uma mente aberta no que toca à aprendizagem, e que saibamos reconhecer que é como se fosse o “momento zero”.
Há algo que não se aprenda no curso e que o trabalho e a vida acabam por ensinar? O que vão os jovens encontrar no mundo profissional?
O curso dá-nos, acima de tudo, ferramentas. Ensina-nos mecanismos para aprender a solucionar problemas e ultrapassá-los da melhor maneira. Mas, como é óbvio, não é possível ensinar-nos a resolver todos os problemas que nos surgem diariamente. Acho que é isso que só aprendemos quando estamos realmente no mundo do trabalho.
Vamos moldando a nossa própria forma de solucionar as situações e criando uma forma própria de desempenhar o nosso trabalho, sabendo que nem sempre é fácil. Por isso, considero ser muito importante que durante o curso os estudantes mantenham atividades paralelas com a vida social académica (como o desporto, o associativismo, o voluntariado, entre outras) para que aprendam também a saber gerir o tempo.
Que conselhos pode dar aos jovens que estejam indecisos na escolha desta área de formação?
Para se praticar Enfermagem tem de se gostar. Nem sempre é fácil lidar com pessoas, mas a Saúde é uma área maravilhosa e estimulante porque trabalha com e para o ser humano. Para quem está indeciso em escolher esta área deve, acima de tudo, pensar naquilo que o motiva e lhe desperta interesse. Existem várias profissões na área da saúde que poderão ser mais ou menos compensatórias a nível de realização profissional. Solicitem autorização para visitarem um serviço de internamento hospitalar ou um centro de saúde, por exemplo. A saúde e a enfermagem fazem-se também na rua, na comunidade, no hospital, nos domicílios. Inscrevam-se como voluntários em associações ou lares que permitam o contacto com pessoas. Aconselho, também, a que visitem as escolas/universidades para que conheçam os planos de estudos e o ambiente.
[Foto: Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias]