À timidez na sua vida pessoal ela responde com muita garra em cima do palco. Por isso é que a Leonor Andrade se transformou em Ella Nor, a nova sensação da música portuguesa que descobriu com o novo single Shake It a sonoridade de que andava à procura. E para a poderes conhecer um pouco melhor, a Mais Educativa foi conversar com este verdadeiro exemplo de girl power!
Vamos começar por falar da Leonor. Tu tocas piano desde os quatro anos, participaste num programa de talentos… Quando é que começou exatamente a tua experiência com a música?
Eu comecei a tocar piano aos quatro anos, como disseste, depois continuei a estudar piano durante bastante tempo e alimentei o sonho de ser pianista profissional, até mudar por completo a minha perspetiva e começar a fazer as minhas próprias músicas. Foi nesse contexto que participei no The Voice e senti aquele clique que me disse que é isto que quero fazer para o resto da minha vida.
O que retiraste dessa experiência num programa de talentos?
Eu sempre tive algum receio de talent shows mas acabei por ceder à pressão e ir a um. Acabei por mudar muito a minha opinião e viver uma experiência muito positiva onde conheci imensa gente nova, colegas da música e produtores, e acho que cresci muito como artista também. Foi um primeiro passo e não censuro nada quem o faça, acho que faz parte do caminho.
“Se no dia a dia sou um pouco tímida, quando estou naquela bolha saio de mim e transformo-me. Daí que para mim o alter ego faça todo o sentido!”
2015 foi o ano em que decidiste representar Portugal na Eurovisão. Como é que, aos 21 anos, lidaste com isso?
Sinceramente, não faço ideia! (risos) Foi uma grande experiência para mim, sem dúvida alguma, e uma grande pressão pela sensação de estar a representar um país inteiro. Mas foi muito bom e voltava a fazer tudo outra vez, se pudesse voltar atrás!
Mas antes disso, chegaste a lançar algumas músicas enquanto Leonor… Porque decidiste passar a ser a Ella Nor?
Acho que nem eu tenho uma boa resposta para isso… Sempre achei muita piada aos alter egos e, tendo em conta a minha cena artística, percebi que a minha arte é o espelho daquilo que eu faço e é ao mesmo tempo muito daquilo que eu sou. Independentemente disso, quando estou no palco sou completamente diferente; se no dia a dia sou um pouco tímida, quando estou naquela bolha saio de mim e transformo-me. Daí que para mim o alter ego faça todo o sentido, e passou a fazer ainda mais a partir do momento em que senti que estava a entrar numa vibe em que já sabia o que queria.
E para quem ainda não conhece a Ella Nor, como é que a apresentas?
Eu prefiro que oiçam a minha música, acho que é a forma mais fácil de me apresentar!
O teu poder vocal faz lembrar vozes de outros tempos, como a Dulce Pontes. Mas depois misturas-lhe instrumentais muito mais eletrónicos! Como é que esta fusão acontece?
Eu acho que isso tem a ver com a mistura de influências e a forma como eu cresci musicalmente. Adorei desde os clássicos da Ella Fitzgerald ou da Nina Simone às cenas mais eletrónicas como Daft Punk ou ao rock dos Led Zeppelin. Sempre ouvi de tudo enquanto crescia, e isso ajudou-me a criar a minha sonoridade.
Sabemos que tens uma surpresa na manga chamada Shake It… Fala-nos sobre ela!
Sim é o meu novo single, que acabou de sair! Estou muito contente e o Shake It é um ponto de viragem na minha carreira porque foi com esta música que descobri o que queria realmente fazer e o tipo de sonoridade que procurava.
E como foi a colaboração com o Riot?
Foi muito fixe, eu gosto muito do Riot e tenho imenso respeito artístico por ele. Quando surgiu o convite não tive como não aceitar!
Sentes que as tuas músicas são uma espécie de hino girl power?
Que fixe achares isso, porque eu sinto muito isso também! Há uma coisa que me chateia imenso, especialmente em Portugal, que é o facto das mulheres não gostarem umas das outras… Toda aquela inveja ridícula é uma coisa irritante e acho que faz falta unirmo-nos um bocadinho mais! Isso faz toda a diferença!
E achas que podes ser um role model?
Gostava muito de ser vista dessa forma, porque é realmente algo que eu defendo imenso!
Tens uma frase que nos despertou muita curiosidade: Viver o que é só meu. O que é que queres viver que seja só teu?
A minha forma de escrever é um pouco específica… Às vezes temos aquela sensação de que as pessoas gostam muito de se meter na vida umas das outras, e chega àquele ponto em que às vezes é fixe bloquear tudo à nossa volta e viver só o que é nosso e preocuparmo-nos apenas com os nossos problemas.
E quando o álbum estiver cá fora e provavelmente andares em tournée, com o que é que os teus fãs vão poder contar?
É assim eu sou completamente louca… (risos) Não faço ideia! Acho que vão poder contar com aquilo que eu sou, mas tendo em conta que sou imprevisível é difícil estar a dizer o que vou fazer… Mas acho que vão gostar!
Que palcos é que gostavas de conquistar?
O maior sonho de qualquer artista é chegar aos maiores palcos do mundo, e que o maior número de pessoas possível oiça a sua música. E acho que o meu é esse também!
Que tivesses total liberdade de escolha, com que artistas trabalharias?
Tantos! Adorava trabalhar com o Alex Turner dos Arctic Monkeys, e agora há uma nova artista que eu adoro e que é uma grande influência para o meu disco: a K.Flay. Assim de repente lembro-me destes dois nomes…
[Entrevista: Sofia Felgueiras com Tiago Belim]
[Fotos: Warner Music Portugal]