Eles querem ser a banda do povo, e que também os fãs se sintam ÁTOA. Com um novo EP acabado de lançar, Sem Noção, fomos falar com eles sobre a criação das novas músicas, os concertos de apresentação e o momento da banda, e acabámos por descobrir as coisas mais estranhas que os fãs já lhes fizeram.
Sem Noção é o nome que vos vai perseguir nos próximos dias. Que surpresas vamos poder encontrar neste novo EP?
Olha, a capa é, desde logo, uma surpresa. Nós sempre quisemos ter capas “what the fuck”! Depois, ao nível das músicas, temos uma que é completamente fora da caixa e muito R’n’B, que é a Toque; temos outra que já foi lançada há um ano e que marca o começo do EP, que é a A Cada Passo, e temos outras músicas que já soam mais ÁTOA e que traduzem melhor o pop rock que nós somos. Em resumo, acho que a maior surpresa de todas é mesmo a mistura do eletrónico com o acústico.
O Já Não é o vosso novo single. Que feedback é que têm tido até agora?
Estamos muito contentes com o Já Não, apesar de ser muito recente e de ainda não dar para dizer se é um sucesso ou não. Daquilo que temos visto e pelo interesse que tem havido, achamos que é das canções dos ÁTOA com maior promoção e aceitação junto do público. Está a passar imenso nas rádios, faz parte da banda sonora de uma telenovela, e as pessoas já começaram a cruzar-se com a música. As visualizações no YouTube também estão muito boas, e está no topo das buscas no Shazam. Isto é o melhor que pode acontecer, é sinal que a Já Não está a despertar o interesse das pessoas.
Uma das características que vos distingue das outras bandas é a insistência em cantar em português. Porquê esta aposta?
Porque nós costumamos dizer – e é um facto – que a nossa língua é o português. Achamos que não existe melhor forma de exprimir os nossos sentimentos através da música, do que com a nossa língua. Se fosse em inglês, provavelmente a nossa interpretação não seria tão genuína como é em português, e a própria mensagem não seria tão bem transmitida. Por isso cantamos assim!
Como é que funciona o vosso processo criativo?
Eu acho que depende de música para música. Cada canção é uma canção e talvez haja aquelas que surgem no espaço de um dia, outras que demoram um mês e outras ainda que estão no baú há quase um ano e das quais entretanto nos lembramos… Não sei, acho que funciona muito em função de cada momento, a música é isso mesmo! Por exemplo, quando te agarras a um instrumento para compor, tu sentes-te inspirado para fazer uma música naquele estilo, seja mais melancólico ou mais alegre, e depende do teu estado de espírito e do que te rodeia.
Para nós, este EP representa uma alteração no nosso processo criativo. Fomos além da música e participámos mais ativamente na produção e realização do videoclip da Já Não, e fomos mais interventivos em todo o disco. É importante haver esta evolução, porque há quando começámos há três anos não tínhamos a noção de onde estávamos a entrar. Agora já acumulámos alguma experiência e já podemos estar mais ativos.
De resto, o que nos define é sermos mesmo ÁTOA! Não ter um caminho definido e ir para onde o vento nos levar.
Se tivessem poder de escolha, com que artistas é que gostariam de colaborar?
Nós já tivemos a sorte de trabalhar com artistas que admiramos muito, como o Diogo Piçarra, por exemplo. Mas não nos importávamos nada de fazer algo com o Dillaz! Seria o mais fora da caixa e improvável para nós.
Citando as vossas palavras, entre o passado e o presente, o que é que mudou?
Tudo, tudo mesmo! Nós temos sempre um passado diferente a cada ano que passa, está sempre tudo a mudar e nunca conseguimos ter a estabilidade para traçar essas diferenças. Depois, atualmente o presente na música é muito curto, e com a facilidade de consumo que a internet trouxe, muita gente sente que um disco cá fora há dois meses é um disco antigo…
Outubro vai ser o vosso mês, com concertos no Porto (no dia 6 de outubro) e em Lisboa (no dia 7). Que expetativas têm estas atuações?
Primeiro que tudo, esperamos que o espetáculo corra bem e que não nos enganemos em nada. (risos) Agora a sério, esperamos uma boa vibe, naquelas que são as nossas duas primeiras produções próprias. Temos um espetáculo novo, com um cenário diferente, convidados – no Porto o Durval (dos Mundo Secreto) e em Lisboa o Valas –, e duas surpresas preparadas para os nossos fãs. Por isso só queremos que a malta esteja presente para curtir connosco! Temos um nervoso miudinho mas achamos que vai correr tudo bem.
Este ano já estiveram no MEO Marés Vivas diante de uma plateia recheada. O que é que isto representou para a banda?
Em primeiro lugar, foi um enorme prazer ir ao Marés Vivas e tocar numa zona de que tanto gostamos. Foi onde gravámos o nosso primeiro disco e isso marcou-nos a vários níveis. O Marés Vivas veio trazer-nos mais uma ótima recordação de Vila Nova de Gaia, e recordamo-nos de entrar em palco e ir vendo as pessoas a passar e a ficar para nos ouvir, ao ponto de ficar tudo completamente cheio e sem espaço para se circular. Foi um palco secundário que nos soube totalmente a palco principal!
Quais foram as coisas mais estranhas que as fãs já vos fizeram?
Temos de olhar para tudo de uma forma positiva. Ainda não temos merchandising, mas há três ou quatro concertos atrás um grupo de fãs surpreendeu-nos ao aparecerem todas com t-shirts a dizer ÁTOA. A cabecilha desse grupo até já fez uma tatuagem com uma frase nossa, que diz “a vida não espera que desistas sem dares um pouco de luta”, e nós ficámos a pensar na força que essa frase tem. De resto, há sempre cartazes engraçados, e outras coisas que não se devem contar! (risos)
E qual foi a brincadeira mais original com o vosso nome?
Há a do costume. “Eu estou aqui um bocado á toa…” Pedimos desculpa a toda a gente que já nos entrevistou até hoje, mas de facto já está um bocado batida!
[Entrevista: Sofia Felgueiras com Tiago Belim]
[Fotos: Universal Music Portugal]