Ela é uma promissora jovem atriz que, aos 16 anos de idade, já fez teatro, cinema e é mais conhecida pelas suas interpretações em telenovelas, como a Leonor de Massa Fresca. Enquanto isto… é aluna do Secundário, tal como tu! Fomos ter com ela à escola para conhecer o seu percurso e para tentar perceber como é ser atriz!
Beatriz, tu já representas desde os quatro anos de idade. Como é que isso aconteceu?
Tudo começou com a minha mãe a enviar uma fotografia para uma daquelas secções veja-aqui-o-seu-filho de uma revista. Fui selecionada, apareci na capa, e o prémio era entre outras coisas a inscrição numa agência. Depois de estar inscrita esperei pouco até ser chamada para o casting para os anúncios do Ecoponto – compareci, acreditei e foi aí que acabei por me lançar.
E depois desse anúncio?
Depois continuaram a surgir os castings, e eu ia ficando (ou não), até que tive a minha primeira participação numa telenovela, na Floribela. Seguiram-se as Chiquititas e a Rebelde Way, até à minha primeira experiência mais a sério, no Perfeito Coração, quando tinha oito anos.
E lembras-te bem dessa altura, apesar de seres tão nova?
Lembro-me muito bem. Lembro-me por exemplo de ver a Floribela e de comprar as revistas todas as semanas, até que participei no casting para a segunda temporada e, de repente, passei a fazer parte daquele mundo. Conhecer aquela gente toda e a Floribela e ficar “uau”… foi incrível!
Quando tens seis, sete, oito anos de idade, o que é que sabes sobre a arte de representar?
Nada. Para mim sempre foi algo muito natural, quase de instinto. Talvez se deva ao meu à-vontade! Depois, tanto na Floribela como na Rebelde Way as minhas personagens não tinham falas, e só comecei a precisar de memorizar texto no Perfeito Coração! Na altura era tudo muito inocente, a minha mãe ajudava-me a decorar as falas e as direções de atores davam mais uma mãozinha, e foi assim que fui aprendendo.
Qual foi o momento em que percebeste que querias mesmo ser atriz?
Acho que foi sobretudo no Perfeito Coração, porque foi um projeto que durou oito meses e onde conheci pessoas muito fixes, numa altura em que já era um bocadinho mais crescida. Foi aí que percebi que queria mesmo fazer aquilo da vida – não percebia porquê, mas sabia que gostava.
Foi também a partir daí que comecei a ser chamada mais vezes para mais papéis, a ter pequenas participações em filmes e onde entrei para uma companhia de teatro.
Não sei explicar porquê, mas quando uma pessoa gosta, gosta!
Como é o teu dia a dia quando estás a gravar uma telenovela?
Baseando-me no que aconteceu na Massa Fresca, levanto-me cedo para ter aulas durante a manhã, e ao sair por volta da hora de almoço, costumo ter a carrinha da produção à porta da escola para me apanhar, e claro, fica toda a gente a olhar para mim! (risos)
Vou para as gravações, almoço, gravo, levam-me a casa ao fim da tarde e depois do jantar decoro os textos para o dia seguinte. O domingo é o único dia de folga, e ao sábado trabalho o dia inteiro.
E como é que consegues conciliar as aulas com a representação?
Não é fácil, mas sinto que giro melhor o tempo quando estou mais ocupada. Com tempo livre desleixo-me mais, e na Massa Fresca, por exemplo, aproveitava todos os bocadinhos e todos os intervalos para estudar.
E lidas bem com a atenção que certamente recebes dos teus colegas?
Sim. Aliás isso acontece mais no início do ano letivo, quando entram pessoas novas e se apercebem de quem eu sou. Ao longo do tempo isso acaba por se esbater e passo a ser uma colega como os outros!
Qual foi o episódio mais engraçado que te aconteceu com os teus fãs?
Na altura em que começou a Massa Fresca, estava com a minha mãe num centro comercial quando me apercebi que estava a ser seguida por um grupo de raparigas, que de repente me vieram perguntar o que ia acontecer a seguir, a esta ou aquela personagem! E eu não podia desvendar nada, claro! (risos)
E o que é que podes dizer às pessoas que gostam de ti e que gostavam de ser como tu?
Normalmente não sei bem o que dizer, mas diria que se é isso que querem realmente fazer, então invistam nisso, tentem inscrever-se numa agência e ter formação na arte de representar. É importante que entrem numa companhia de teatro para começarem a ganhar experiência, e a partir daí é querer muito e trabalhar ainda mais.
De resto, desde que tenham talento e interesse na representação, certamente serão reconhecidos e conseguirão o que querem.
Quão difícil é para ti levares um “não” após um casting? Afeta a tua autoconfiança?
Às vezes é um pouco complicado. Há um sítio em concreto onde até hoje nunca fui escolhida, e hoje em dia quando lá vou já o faço meio desmotivada. Da mesma forma, quando fazemos vários castings seguidos e nada acontece, também pode ser difícil de lidar – e eu estive de 2009 a 2013 sem ser chamada para nada.
É importante saber esperar, ter sorte e estar à hora certa no lugar certo.
E na vida privada, como é a Beatriz? És boa aluna?
(risos) Sou uma aluna razoável! Não tenho vintes, diria que estou dentro da média. Gosto de Inglês e de Francês, gosto menos de Filosofia e de Educação Física… Estou no 11º ano do agrupamento de Humanidades na Escola Secundária José Gomes Ferreira, e passo aqui grande parte da minha vida!
Os professores lidam contigo da mesma forma que o fazem com os teus colegas?
Sim. De uma maneira geral, os professores são muito queridos comigo e com os meus colegas, e no meu caso específico, quando vou gravar perguntam-me como correu e como é que fiz, dão-me feedback do episódio que viram no dia anterior… Há uma boa relação!
E fora da escola, levas uma vida normal?
Sem dúvida! Faço a minha vida como qualquer outra pessoa da minha idade – saio com amigos, vou onde me apetece (ou melhor, vou onde a minha mãe me deixar ir), e sinceramente nem penso nisso. Já nas redes sociais, às vezes surge um ou outro comentário mais desagradável… Na altura fico um bocado triste, mas o melhor é não ligar!
Sentes necessidade de ter um cuidado diferente a gerir a tua presença nas redes sociais?
Sinceramente, não tenho nada a esconder. Não faço nada que, pelo menos a meu ver, vá parecer mal ou possa prejudicar a minha imagem. Publico tudo o que me apetece – fotos de biquíni no verão, momentos da minha vida junto dos meus amigos… Não me livro de uma crítica ou duas, mas isso acaba por ser normal.
Para o ano vais estar no 12º ano, e se tudo correr bem acabas o Secundário. E depois?
Estava mesmo à espera dessa pergunta! (risos) Muito sinceramente ainda não sei. Obviamente, gostava de seguir teatro, mas queria tirar outro curso primeiro para ter opção de escolha – algo dentro das áreas da comunicação social ou do marketing. Depois disso, eventualmente ir para fora ou tirar uma licenciatura em teatro ou em cinema.
De todos os papéis que já desempenhaste, qual foi aquele que mais te marcou?
Foi a Leonor (Massa Fresca), de certeza! Primeiro porque foi o último papel que fiz e onde tinha mais consciência de mim mesma e de tudo à minha volta. Depois, porque foi aquela que genuinamente me deu mais gozo fazer, por ser tão diferente de mim que até assustava. Ela tinha imensas ideias, era ambientalista e defensora dos animais, organizava trinta mil coisas ao mesmo tempo, era de ideias fixas e adorava jogar futebol!
E o que te vês a fazer daqui por cinco ou dez anos?
Quero continuar a fazer o que faço agora, e entretanto arranjar outra ocupação. Claro que se a vida de atriz me correr mesmo bem e puder ser uma Daniela Ruah, perfeito!
Houve alguém, de todas as pessoas com quem já contracenaste, que te tivesse inspirado especialmente?
Gostei muito do Ruy de Carvalho, porque ele é um querido e ajuda-nos muito! Ensina-nos truques, é super calmo e tem uma capacidade de decorar que é incrível. Também gostei da Lúcia Moniz, e a Rita Ribeiro surpreendeu-me imenso pela positiva, é quase uma adolescente como nós!
[Entrevista: Tiago Belim]
[Fotos: Marileuza Injai]