O percurso de um estudante no Ensino Superior deve pautar-se pela ação, de acordo com o responsável pela Escola de Ciências da Saúde da Universidade Europeia, Luís Vilar. Na sua opinião, mais que a média de final de curso, importa ser proativo e dinâmico, e usar a universidade para conhecer a futura área de atividade.
Nome: Luís Vilar
Empresa e Atividade: Deputy Dean da Escola de Ciências da Saúde da Universidade Europeia
Formação: Mestrado em Treino de Alto Rendimento e Doutoramento em Ciências do Desporto pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa
Que atividade(s) profissional(is) desempenha atualmente?
Deputy Dean da Escola de Ciências da Saúde da Universidade Europeia.
Quando terminou a sua formação superior, imaginava ser o profissional que é hoje? Porquê?
O caminho descobre-se caminhando. Fui sempre observando bons exemplos, de pessoas que me serviam de referência nas mais distintas profissões, e fui confrontando essas opções com a minha motivação e percurso pessoal. O desporto foi sempre uma constância na minha vida e a busca por explicações para os mais distintos fenómenos foi algo que sempre me perseguiu. O doutoramento nesta área surgiu como algo natural e consequente. Poder mais tarde liderar projetos ambiciosos de formação no Ensino Superior na área do Desporto – e agora na área da Saúde – como o da Universidade Europeia, tem sido um privilégio e um orgulho.
“A competência de um profissional mede-se pela ação. A sociedade está cansada de jovens recém-licenciados que sabem muito de pouca coisa, e fazem pouco de muitas coisas.”
De acordo com a sua experiência, o que é que é mais importante aproveitar/reter numa licenciatura, tendo em conta o profissional que se quer ser no futuro?
Pode parecer estranho, mas as grandes empresas afirmam considerar cada vez menos as notas de final de curso dos estudantes para efeitos de recrutamento. Por isso, é por demais relevante que, no decorrer de uma licenciatura, os estudantes aprendam a selecionar e a transformar a informação em conhecimento, e a convertê-la em ação, a serem proativos na construção do seu futuro.
A competência de um profissional mede-se pela ação – pelo que faz e não somente pelo que sabe. A sociedade está cansada de jovens recém-licenciados que sabem muito de pouca coisa, e fazem pouco de muitas coisas. Ao longo de uma licenciatura, os estudantes devem preocupar-se em perceber a dinâmica do seu setor profissional e usar-se da universidade para se posicionarem nesse mesmo setor. Identifiquem os stakeholders nele envolvidos, percebam as relações entre eles e estabeleçam as vossas próprias relações.
E o que é que é mais importante na transição da universidade para o mercado de trabalho?
Se pensarmos numa universidade que trabalhe a formação superior em permanente sinergia com o mercado de trabalho, então essa transição dá-se naturalmente sem que o estudante e a empresa sintam um desfasamento na sua relação – por eventuais expetativas não concretizadas. Em última instância, é a atitude do estudante que determina se a empresa o recruta ou não, daí a importância das universidades ensinarem atitudes e habilidades, e não só conhecimentos.
Que papel atribui à sua formação superior para hoje ser um bom profissional? De que forma é que o preparou?
A minha experiência de 11 anos ao longo dos três ciclos do Ensino Superior ensinou-me fundamentalmente a pensar e a questionar em profundidade, Dotou-me de método de trabalho, de capacidade de resolução de problemas e de liderança de projetos. Também o facto de ter passado por quatro países de três continentes diferentes permitiu-me, contactando diferentes realidades, construir a minha própria realidade de uma forma mais robusta.
E o que é que não se aprende no curso que o trabalho e a vida acabam por ensinar? O que vão os jovens encontrar no mundo profissional?
O mundo das relações interpessoais. Cada vez mais, o sucesso nas empresas está associado à capacidade do profissional em ativar recursos internos, e não tanto em agir sobre o contexto externo. É preciso entender as pessoas, as suas motivações, ser empático e ter hoje uma visão de futuro inovador que contagie as gentes e a organização. A vida tem-me ensinado que a verdadeira motivação está nas ideias e não no dinheiro.
Que conselhos pode dar aos jovens que estejam indecisos na escolha desta área de formação?
Sigam o coração. Nunca vão ser realmente bons profissionais se não estiverem apaixonados pela vossa atividade. Não consigo imaginar nada pior do que trabalhar oito horas de cada um dos meus dias em algo com que não me identifique. Não deixem que a vida vos passe ao lado.
[Foto: cedida pelo entrevistado]
Esta entrevista é parte integrante do Guia de Acesso ao Ensino Superior 2017/18 da Mais Educativa, disponível para consulta aqui.