O Pedro Esperança fez não um, mas dois estágios na sua área de formação. Neles aprendeu a executar tarefas, a relacionar-se com os colegas e a compreender as suas funções e as ligações entre os vários setores da empresa. Mas sobretudo, formatou a sua cabeça e ganhou a capacidade de seguir uma lógica de raciocínio orientado para os objetivos. O desígnio final? Ser COO!
Nome: Pedro Esperança
Empresa e Atividade: Produtor de plantas ornamentais de qualidade e de azeite virgem extra premium na empresa Viveiros Monterosa, Lda.
Curso/Ano: Licenciatura em Agronomia na Universidade do Algarve (UAlg)
Objetivo Profissional: Ser COO (Chief Operations Officer) numa empresa da área onde trabalho
Como surgiu a oportunidade de fazer estes estágios?
Fiz dois, o primeiro curricular e o segundo profissional. Curiosamente os dois na mesma empresa, com um ano de licenciatura e dois empregos na área entre eles.
No primeiro caso, surgiu de uma entre várias sugestões dos professores da disciplina; no segundo a convite da empresa, que gostou do meu trabalho. Aí já consegui celebrar uma relação contratual mais prolongada e com melhores condições financeiras.
Qual é a importância de um estágio, tendo em conta a sua área de atividade e o curso que tirou?
Falando apenas no estágio curricular – a única experiência que tive que se enquadra verdadeiramente na categoria de estágio –, ele serviu para confirmar que este era o futuro que queria seguir, ou seja, a produção de plantas em viveiros.
Confirmei isso mesmo ao participar na maioria das atividades de produção da empresa, ao privar com muitos dos trabalhadores e ao perceber o funcionamento da empresa, o que faz e como faz. A meu ver, a ligação ao curso foi muito natural e transversal, e as opções que fiz durante o mesmo foram muito direcionadas para exercer como técnico de produção agrícola. Curiosamente, apenas frequentei a disciplina do curso mais direcionada para este estágio depois de o terminar – Horticultura Ornamental.
“Ganhei sensibilidade, perceção e experiência de execução das tarefas e de relacionamento com as pessoas. É uma experiência marcante para a vida e ainda hoje se revela uma mais-valia!”
Fale-nos dos primeiros dias em contexto profissional. O que aprendeu? Ao que é que teve de se habituar? O que mudou em si?
Um grande choque físico e climático. A produção agrícola de mão-de-obra intensiva é muito exigente e desgastante, e ainda por cima fiz o estágio entre junho e agosto. Aprendi a executar a maioria das tarefas, a relacionar-me com os trabalhadores e a compreender o comportamento das equipas e a ligação entre os vários setores da empresa. Tive de me habituar a executar operações que não dominava e a trabalhar sob condições duras. Ajudou-me também a formatar-me enquanto indivíduo, principalmente no pensamento crítico, estruturado e enquadrado.
O que sente que ganhou com estes estágios? Quais são as mais-valias de os ter feito?
Ganhei sensibilidade, perceção e experiência de execução das tarefas e de relacionamento com as pessoas. É uma experiência marcante para a vida e ainda hoje se revela uma mais-valia! Alguns colegas recordam com frequência terem privado comigo enquanto estagiário, e apesar de ser seu superior hierárquico atualmente, respeitam-me por ter estado com eles ao mesmo nível.
Para fazer estes estágios, fez uma licenciatura. O que é que ela lhe ensinou que se revelou fundamental para entrar no mercado de trabalho?
O mais importante para mim foi a formatação da minha cabeça, e a capacidade de seguir uma lógica de raciocínio estruturado e orientado para os objetivos.
O resto da licenciatura foram apenas bases para desenvolver em situações reais e é precisamente neste ponto que os profissionais se distinguem no mercado de trabalho. Poucas disciplinas são diretamente aplicáveis – algo normal na área agrícola, dada a diversidade das estruturas e produções –, mas criam as bases gerais e garantem que o aluno as apreendeu para que ele as aplique em situações reais concretas.
Em seu entender, do que precisa um jovem para sair da universidade preparado para ser um profissional da área?
Formatar o raciocínio, visitar empresas e trabalhos práticos frequentes, criar bases fortes gerais e, nesta área, em gestão de recursos humanos e organização do trabalho.
Que desafios vão os jovens encontrar no mundo profissional, que não conheciam do mundo académico?
Admitindo que adquiriram o raciocínio e as bases, o maior desafio vão ser, de longe, as pessoas. Liderá-las, relacioná-las connosco e com outras, obter o desempenho e a qualidade de trabalho desejados e motivá-las nesse sentido são pontos transversais ao meu e a todos os outros cursos onde se tenha de lidar com pessoas, que é o mais difícil.
[Foto: cedida pelo entrevistado]
Esta entrevista é parte integrante do Guia de Acesso ao Ensino Superior 2017/18 da Mais Educativa, disponível para consulta aqui.