O que têm afinal os dirigentes associativos a dizer sobre a tua entrada no Ensino Superior? Porque deves fazer parte de um grupo académico, que tradições existem nas várias cidades, e o que têm cada uma das academias para te oferecer? Damos a palavra à Federação Académica de Lisboa (FAL), à Federação Académica do Porto (FAP), à Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) e à Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg), na pessoa dos seus Presidentes.
Porque devo escolher a Academia a que pertences?
Rodrigo Teixeira, estudante de Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UAlg e Presidente da AAUAlg
A Universidade do Algarve (UAlg) é, neste momento, uma das melhores do país. E digo isso porque há várias áreas chave a caracterizar-nos, como a qualidade do ensino, as infraestruturas recentes que proporcionam excelentes condições, as acolhedoras cidades de Faro e Portimão e o clima agradável. De resto, é uma universidade de média dimensão mas que oferece várias áreas de estudo, e tem como lema Estudar onde é bom viver. E é exatamente isso que se passa aqui!
Bruno Alcaide, estudante de Direito Administrativo na Escola de Direito da Universidade do Minho e Presidente da AAUM
A Universidade do Minho (UMinho) é completamente diferente de todas as outras, não só pela sua organização como pela própria vivência do espírito académico e grande proximidade entre toda a sua comunidade.
Nos dois pólos que compõem a UMinho – Braga e Guimarães – há a preocupação de envolver os estudantes em vivências culturais, desportivas e sociais. No caso do desporto universitário, concretamente, é considerada uma das melhores a nível europeu.
No âmbito cultural, são 19 os grupos existentes nesta instituição – entre tunas, grupos académicos e recreativos, etc. –, que vincam o nosso trabalho no reforço da identidade cultural da UMinho.
João Rodrigues, mestrando em Políticas Públicas no ISCTE-IUL e Presidente da FAL
Vais encontrar a maior academia do país. Estamos no centro, na capital do país, onde tudo acontece, onde as nossas instituições têm níveis de qualidade e de ranking internacionais, e onde a empregabilidade dos nossos formandos é elevada graças à grande absorção por parte do mercado do trabalho.
No que ao desporto diz respeito, podes praticar várias modalidades ao nível universitário; tens também acesso a uma enorme variedade cultural pela própria oferta que a cidade disponibiliza; e os eventos recreativos vão dar sequência à tua viagem de finalistas, mas com uma frequência muito maior! Na minha opinião, estudar em Lisboa é a melhor decisão que alguém pode tomar.
Ana Luísa Pereira, mestranda em Gestão de Qualidade em Unidades de Saúde na Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto e Presidente da FAP
Vais certamente encontrar uma academia plural, onde toda a gente, independentemente das suas origens, das suas ideias, da sua condição ou das suas características, tem um espaço onde pode aprender, crescer, partilhar, estudar e realizar-se.
Qual é o espírito académico que se respira? A tradição académica está presente?
Rodrigo Teixeira
Temos vindo a crescer cada vez mais, no que à ligação com a cidade diz respeito, e existe bastante espírito académico, sobretudo às quintas-feiras! É organizado dentro da universidade pelo menos um arraial académico por mês, temos a mais longa Semana Académica do país, uma receção ao caloiro com muitas atividades características da nossa academia, e um traje que também é único e que reflete a tradição algarvia.
Por tudo isto, quem vem estudar para a Universidade do Algarve encontra normalmente um ambiente bastante acolhedor, com turmas pequenas, e onde a integração dos novos alunos é feita da melhor forma.
Bruno Alcaide
Em cada um dos nossos pólos existe preocupação com a integração dos novos alunos, com atividades e programas alargados de receção ao caloiro que têm uma duração de cerca de um mês e que integram as componentes cultural, social, desportiva e de empreendedorismo.
Depois, apesar da separação em dois pólos e em duas cidades, a forma como a UMinho está organizada e as atividades conjuntas – como o Enterro da Gata, que organizámos recentemente – aproxima os alunos e fomenta o sentimento de pertença a uma mesma realidade, e o orgulho por dela fazerem parte.
João Rodrigues
Vais encontrar tradição académica em Lisboa porque a cidade tem tantas instituições que seria impossível ela faltar. Obviamente que, pela dimensão geográfica da cidade, está muito dispersa – estamos a falar de 13 universidades e de 1 instituto politécnico só no ensino público, mas a tradição académica existe, é bastante vincada, e passa muito pelas tunas académicas, que em Lisboa têm uma grande projeção.
Há muitas atividades de integração e essa tradição também é uma das qualidades que a nossa Academia tem. A ideia de ela não existir é um mito urbano.
Ana Luísa Pereira
O espírito académico constrói-se a partir das vivências de todos e de cada um dos estudantes que são parte da Academia. Há espaço para todos e cada um deve procurar as atividades, os grupos académicos e os grupos informais com que mais se identificam. Se procuram a tradição? Seguramente que aqui também a encontrarão.
Que responsabilidades e mais-valias existem por fazer parte de um grupo académico?
Rodrigo Teixeira
Existe a ideia errada de que o curso é para acabar em três anos, e que tudo o que desvie o aluno desse caminho é negativo. Com isso, cria-se uma certa inibição na participação em atividades extracurriculares, sejam elas quais forem. E há muita coisa que se pode fazer: Integrar uma associação académica, uma tuna, um grupo de teatro, uma equipa desportiva, etc.
A nossa mensagem para os estudantes é de participação. Qualquer atividade extracurricular vai traduzir-se num fator diferenciador no currículo, porque o mercado de trabalho valoriza cada vez mais a experiência pessoal.
Falando do meu caso, posso dizer que estar numa associação académica é um cargo de grande responsabilidade. Na AAUAlg gerimos um orçamento superior a 1 milhão de euros, temos 24 funcionários a nosso cargo, e não é todos os dias que se faz a gestão de uma “empresa” desta dimensão. É um local onde se aprende muito.
Bruno Alcaide
Por um lado, diz muito da forma como cada aluno se constrói enquanto cidadão e membro ativo de uma academia. Assumir responsabilidades, representar a instituição e os colegas e procurar desenvolver competências pessoais e encontrar melhorias são, a meu ver, as principais motivações para pertencer a um grupo académico.
Para além disso, a instituição reconhece as pessoas que se envolvem nestas iniciativas, conferindo-lhes uma avaliação diferenciada e a respetiva menção no diploma de final de curso.
João Rodrigues
Eu acho que é a oportunidade de ter um percurso diferente do normal, de apenas tirar um curso. Cada vez mais, o mercado de trabalho pede distinção, não apenas no curso mas o que fazemos com ele e durante o tempo em que lá estamos – o nosso trajeto, como nos envolvemos, o que aprendemos –, não só pela questão pessoal como também na interação e no trabalho em grupo. A afiliação a um grupo académico potencia esta distinção, torna-nos melhores estudantes e acima de tudo melhores cidadãos.
Independentemente do que escolheres, o importante é envolveres-te. Trabalha em grupo, percebe que há realidades e contextos diferentes, porque é isso que o Ensino Superior pode trazer, para além da formação e da matéria. Um complemento à nossa formação enquanto cidadãos.
Ana Luísa Pereira
Ninguém vive isolado. O período em que os estudantes frequentam o Ensino Superior é um tempo de formarem as suas visões do mundo, e isso só se faz sendo parte de uma comunidade. A mera frequência com aproveitamento (ainda que excelente) dos percursos curriculares, é por si só uma experiência formativa incompleta.
As aprendizagens fazem-se em contexto formal mas também em muitos outros contextos. As associações e os grupos académicos são espaços para se aprender fazendo, para nos dedicarmos a causas que vão além dos nossos interesses pessoais, de investirmos um pouco do nosso tempo a ir ao encontro das outras pessoas, partilhando experiências e construindo a comunidade académica.
[Reportagem: Tiago Belim]
[Fotos: cedidas pelos entrevistados e Cristiana Chivarria @ Flickr]
Esta entrevista é parte integrante do Guia de Acesso ao Ensino Superior 2017/18 da Mais Educativa, disponível para consulta aqui.