De sorriso fácil e de uma força de vontade enorme, C4 Pedro é um exemplo de perseverança e de sucesso. Bastou-nos trocar meia dúzia de palavras com ele para percebermos que ele é mesmo assim: autêntico, genuíno e um lutador. O ano passado, com o seu novo álbum, entrou diretamente para o 4º lugar do Top Nacional de Vendas e atingiu o 1º lugar do iTunes. Apresentamos-te o novo “Rei da Kizomba”!
Já és considerado um dos músicos mais influentes da nova geração da música angolana. No que é um dos estilos musicais mais ouvidos pelo público mais jovem, onde existe uma grande oferta, como se faz a diferença? O que a tua música tem de diferente?
Acho que tem muito a ver com o meu registo vocal. Eu tenho uma forma muito particular de cantar, de usar as palavras e os sotaques de Angola. Acho que sou original na forma como canto e na alma que deposito nas minhas palavras, e, independentemente do tema que estiver a abordar, uso sempre muito o meu coração.
Para além disso, sou bastante versátil. Não me importo de estar a fazer Kizomba agora, amanhã estar a fazer um R’n’B e, depois, uma balada… Vais sempre encontrar o meu registo no que quer que eu faça.
Nasceste em Angola mas cresces na Bélgica, onde começas por trabalhar num café, e, na altura, a tua paixão era o basquetebol. Depois de uma lesão, dedicas-te mais à música… Achas que a música aparece por acaso na tua vida? Ou mais tarde ou mais cedo este seria o teu destino?
A música é a minha vocação, é algo que sempre fez parte de mim. Eu sempre gostei de cantar e, apesar do meu pai ser músico, eu cresci com a minha mãe e ela tem muito bom gosto musical, e acabou por me influenciar muito também.
Desde os meus 8/9 anos comecei a copiar vozes de cantores, ou mesmo de cantoras, e isso acabou por fazer nascer em mim esta paixão pela música.
Mas a vontade de ser cantor acontece quando?
Em 2001. Eu cheguei à Bélgica em 2000 e aí começou logo o meu primeiro contacto com as gravações, porque o meu irmão mais velho era DJ e tinha os aparelhos todos lá em casa. Eu ia misturando um bocadinho as músicas com ele e, assim, fui ganhando mais contacto com o material e gosto pela produção de música. A paixão foi nascendo assim, muito naturalmente…
Até atingires o sucesso percorres um longo caminho mas nem sempre correu bem. O álbum Lágrimas, em 2009, não atinge o êxito que querias. Como se dá a volta? Como chegas, mais tarde, ao 4º lugar do Top Nacional de Vendas?
Acima de tudo, como jovem, tive de acreditar bastante em mim. Um altura li que “se a única pessoa que acreditar em ti fores tu, é mais do que suficiente” e eu acredito mesmo nisto. Tens de ser a primeira pessoa a gostar do que fazes, o teu amor por aquilo que fazes não pode depender da opinião dos outros. Por exemplo, se um homem admira muito a sua mulher, todos os outros vão respeitar bastante essa mulher e aplica-se o mesmo na música.
Lançaste no final do ano passado o teu álbum mais recente, o King Ckwa, que foi um sucesso. Com este disco chegaste a mais pessoas?
Sim, sem dúvida, a muitos mais fãs. Quando tu começas ainda não sabes quem é o teu público, por isso é que é muito difícil lançar um primeiro álbum de grande sucesso. Numa primeira fase não sabes quem vai ouvir e, aliás, é bem possível que ninguém ouça.
Quando lancei o King Ckwa, eu conhecia muito melhor o meu público, que foi crescendo ao longo dos meus seis anos de carreira. Para além disso, as minhas músicas já se ouviam fora do círculo lusófono, o que fez com que eu começasse também a produzir músicas noutras línguas e a fazer outros estilos, também porque, os meus fãs nao são só pessoas que gostam de Kizomba. Tenho fãs que compram os meus discos só para ouvir os Afro House, como African Beauty ou Spetxa One, por exemplo.
Qual o próximo passo? Já estás a pensar no próximo álbum?
(risos) Não, porque o álbum vai completar agora um ano e ainda não estou a meio da minha tour. Agora estou focado neste. Sinto que, a cada semana, o álbum está mais forte, as pessoas conhecem melhor as músicas e os meus espetácuios agora estão mesmo completos. A apresentação do álbum tem sido linda, não consigo descrever mas sinto uma grande felicidade!
Recentemente tiveste um desafio diferente, de dar a voz a dois personagens do filme de animação Hotel Transilvânia 2. Isto quer dizer que vais fazer mais coisas fora da área da música em breve?
Eu gosto muito de desafios e, claro, se receber algum convite participo com muita alegria. Foi um casting e, mesmo que não tivesse sido selecionado, já tinha valido a pena pela experiência porque me diverti imenso!
Ha muitas novidades sim, que vão acontecer antes de 7 de abril, no concerto que vou dar no Meo Arena, mas não posso adiantar… Quando este CD já estiver bem gasto, não vamos lançar logo outro, porque temos outros projetos muito bons que vocês vão amar, espero mesmo que as coisas corram confome estão desenhadas na minha cabeça…
Agora já só penso no Meo Arena!
[Entrevista: Sofia Cristino]
[Fotos: Sony Music Portugal]