Com paixão, equilíbrio e dedicação. É assim que deves procurar aproveitar as oportunidades do Ensino Superior, na opinião de João Costa, Secretário de Estado da Educação. Este membro do Ministério da Educação aconselha-te ainda a ouvires pessoas das tuas áreas de interesse, e a não acreditares quando se fala em falta de saídas profissionais.
Cerca de meio ano depois de assumir funções enquanto Secretário de Estado da Educação, que avaliação faz daquilo que encontrou no sistema de ensino português, e concretamente no Ensino Secundário?
O Ensino Secundário tem a virtude de garantir o prosseguimento de estudos e uma boa qualificação profissional, nas vias profissionalizantes. Faz falta garantir o valor absoluto do Ensino Secundário, valorizando as várias áreas disciplinares e garantindo que o ensino se faz pelo que se aprende e não apenas como plataforma de preparação de provas.
Para isto, é preciso repensar algumas dimensões do Ensino Secundário, potenciando e dando espaço para que se desenvolvam algumas das competências nucleares para um futuro de sucesso. Refiro-me, em particular, a competências tecnológicas, ao desenvolvimento da capacidade de pesquisar, relacionar e analisar informação e à promoção de uma mais sólida literacia científica.
O Governo já deu a indicação de que vê o investimento na educação como uma prioridade. Isso significa mais e melhor acesso a formação, para todos?
Isto significa inscrever a qualificação da população jovem e ativa como um dos pilares do Plano Nacional de Reformas. Como tem sido referido, Portugal tem um défice de qualificações da população ativa, uma ainda elevada taxa de abandono escolar precoce e uma taxa de retenções que nos envergonha. A qualificação da população é um preditor de desenvolvimento socioeconómico, pelo que é urgente reinvestir na educação e pensar a dimensão transgeracional da formação: temos de formar adultos que querem que os seus filhos sejam educados, e temos de disponibilizar formação desde a primeira infância, para garantir melhores resultados.
“É fundamental que os jovens se aconselhem com as pessoas das respetivas áreas, e que não acreditem nas vozes que defendem que só alguns percursos formativos é que garantem saída profissional.”
Muito se fala da dificuldade dos jovens na decisão do seu percurso pós-12º ano. O que devem eles fazer para escolher em consciência e de forma fundamentada?
Devem recorrer aos Serviços de Orientação das suas escolas (SPO e CQEP), falar com os seus professores, aproveitar bem as feiras de oferta formativa e seguir a sua vocação.
Existe o objetivo português e europeu de aumentar a percentagem de alunos com o grau de licenciatura. Está ultrapassada a noção de que um grau superior confere um emprego? Como é que os nossos jovens devem encarar o percurso universitário?
Diferentes ofertas têm finalidades diferentes. Nem todas as licenciaturas são profissionalizantes e nem toda a formação superior tem como fim o emprego imediato. Os jovens devem olhar para os seus estudos equilibrando o seu gosto e vocação com um olhar projetado para o seu futuro. O mercado de trabalho é bastante dinâmico e absorve as formações mais inesperadas. Sobretudo, é fundamental que os jovens se aconselhem com as pessoas das respetivas áreas, e que não acreditem nas vozes que defendem que só alguns percursos formativos é que garantem saída profissional.
O que podem os alunos fazer para extrair o máximo possível da sua passagem pelo Ensino Superior, e de que forma devem encarar o futuro após a licenciatura?
Devem estar apaixonados pela sua área de estudos, e explorar as diferentes oportunidades que o Ensino Superior português coloca à sua disposição: um lugar onde se cruzam ensino, produção de conhecimento, programas de mobilidade internacional e inúmeras atividades culturais.
À semelhança do que se passa no Ensino Secundário, a escola é hoje muito mais do que o que se passa nas aulas. É uma possibilidade de integrar conhecimento, que não pode ser desperdiçada e que, se for bem aproveitada, capacita para um futuro melhor.
[Foto: Ministério da Educação]
[Esta entrevista é parte integrante do Guia de Acesso ao Ensino Superior 2016/17 da Mais Educativa, disponível para consulta aqui.]