Depois do defeso mais escaldante de que há memória, o desporto rei está de volta para uma temporada que promete uma apaixonante luta a três pelo título de campeão nacional. Há quem diga que o Porto está mais forte, o Benfica mais fraco, e que o Sporting tem o “joker”, mas no final é que se vão fazer as contas. Trazemos-te a análise às equipas que disputam o trono do futebol português.
Sport Lisboa e Benfica
Anunciado pelo clube como uma época de viragem, 2015/2016 é provavelmente o maior desafio à direção de Luís Filipe Vieira. A saída do treinador bicampeão nacional para o eterno rival, a aposta num técnico sem experiência neste nível de exigência e o desinvestimento no plantel significam que o Benfica tem, teoricamente, menos armas para combater os arsenais reforçados de Porto e Sporting.
No início da temporada passada o discurso generalizado era semelhante, até chegarem Jonas e Júlio César e se assumirem como dois esteios fundamentais para a conquista do título. Agora, com o mercado já encerrado, parecem faltar reforços de peso, mas a permanência de Gaitán e a renovação de Jonas podem fazer toda a diferença.
Estamos curiosos para ver a máquina de Rui Vitória bem oleada, e perceber o que pode fazer.
GOLO
– A estrutura e boa parte do plantel continuam a transportar a mentalidade vencedora dos últimos anos
– O Benfica não investiu muito, mas também soube manter as principais referências da equipa
– A anunciada aposta nas camadas jovens pode trazer irreverência e sede de vitória
BOLA NA TRAVE
– Poderão faltar soluções no plantel para enfrentar todas as competições
– Parecem faltar extremos capazes de fazer a diferença
– A idade de Luisão poderá ser um problema ao longo da temporada
“MAN OF THE MATCH”
Nico Gaitán
É o último dos craques do Benfica entusiasmante e vertiginoso que nos habituámos a ver. É ele o tempero do cozinhado de Rui Vitória, o pensador de jogo e o acrescento de qualidade que permite virar o jogo de um momento para o outro, e a sua permanência no plantel será essencial para as aspirações do clube da Luz nesta temporada. Promete fazer um “tandem” temível com Jonas, e colocar muitos cruzamentos na cabeça de Mitroglou e nos pés de Jiménez.
Futebol Clube do Porto
Há dois anos, o Porto tinha feito uma temporada desastrosa. No ano passado, mudou muita coisa e voltou a apresentar-se forte, ainda que com quebras de rendimento que entregaram o título de campeão ao Benfica. O ponto alto do primeiro ano de Lopetegui foi mesmo a campanha europeia, e foi ela que lhe permitiu arrancar para uma segunda temporada, onde terá de usar a experiência acumulada para evitar erros do passado.
Mais uma vez, o Porto mudou muito. Saíram Jackson, Danilo, Alex Sandro, Óliver e Casemiro, o que é “muita fruta”, mas entraram Casillas, Imbula e Osvaldo, para além do desvio de Maxi Pereira ou da horda de excelentes médios portugueses – Danilo, André André e Sérgio Oliveira. O plantel oferece soluções para todos os gostos, e os “dragões” parecem partir da pole position.
GOLO
– A segurança e o carisma de um guarda-redes como Iker Casillas
– Um plantel cheio de soluções para quase todas as posições
– A maior experiência e conhecimento de Lopetegui do futebol português
BOLA NA TRAVE
– Há cada vez menos jogadores no plantel a carregar a mística do clube
– O 11 base mudou muito e pode levar tempo a reconstruir a equipa
– Faltam extremos capazes de fazer a diferença
“MAN OF THE MATCH”
Iker Casillas
Desde Peter Schmeichel que não aterrava em Portugal um guarda-redes com tanto peso no futebol europeu. Podemos dizer que os melhores anos de Casillas já lá vão, e que este já era um jogador tudo menos consensual para a afición do Real Madrid, mas a verdade é que o espanhol é uma cartada de mestre de Pinto da Costa e vem dar outra dimensão e segurança à retaguarda do FC Porto. E os espanhóis até já compram os direitos televisivos da nossa liga…
Sporting Clube de Portugal
É difícil lembrarmo-nos de um ano no qual o Sporting tenha apostado tanto. E com risco, dado o atribulado episódio da troca de treinador – que vincula a direção de Bruno de Carvalho a Jorge Jesus – e o investimento em vários jogadores internacionais, avultado para a realidade financeira (que se conheça) do clube.
Daqui, não há volta a dar: o Sporting tem de ganhar. O esforço para dotar a equipa de mais soluções foi mesclado com um corte nas ‘gorduras’ do plantel, e ficaram aqueles que fazem realmente parte das contas do treinador, William Carvalho e Slimani incluídos.
Para já a equipa parece mais compacta e competitiva, ainda a assimilar as ideias de JJ. Veremos se chega para ser campeão nacional.
GOLO
– A jogada de mestre na contratação de Jorge Jesus
– A contratação de mais-valias como Teo, Ruiz e Aquilani e a manutenção de William, Rui Patrício e Slimani
– A subida da fasquia e o aumento da exigência fazem bem ao Sporting
BOLA NA TRAVE
– O dinheiro da “Champions” não entrou, e na reabertura do mercado pode haver alguém a sair
– A defesa está melhor mas ainda falta solidez e alguma qualidade
– A novela Carrillo arrasta-se e ameaça ser mais um amargo de boca
“MAN OF THE MATCH”
Jorge Jesus
Se na época passada a sensação foi Nani, este ano a direção do Sporting foi ainda mais longe, ao resgatar o treinador bicampeão nacional ao eterno rival. E é inquestionável que Jesus, com as suas virtudes e os seus defeitos, vem “mexer” com a estrutura do futebol leonino, imprimindo uma cultura de maior exigência e a mentalidade vencedora que tem faltado pelas bandas de Alvalade. Com uma equipa (bem) reforçada à sua imagem, veremos se JJ consegue replicar no Sporting o êxito que obteve no Benfica. A Supertaça já ninguém lhe tira.
Este foi mais um defeso interessante no futebol europeu, com muitas transferências e negócios de milhões. De entre várias hipóteses possíveis, selecionámos as melhores contratações e fizemos o nosso 11 ideal:
[Texto: Tiago Belim]