O 1º lugar do Prémio FAQtos foi este ano atribuído a um protótipo de óculos que quer ajudar os invisuais a identificar obstáculos. A Mais Educativa entrevistou os vencedores para te dar a conhecer um pouco melhor este projeto.
A segunda edição do Prémio FAQtos, promovida pelo INOV-INESC com o Instituto Superior Técnico, premiou nesta competição dirigida a alunos do Ensino Secundário o grupo “GBPEPET”, da Escola Profissional de Estudos Técnicos de Lisboa, pelo projeto “Glasses for Blind People”. E nós quisemos perceber melhor como é que esta tecnologia funciona, e como é que pode ajudar as pessoas invisuais. Lê aqui a entrevista ao grupo vencedor.
De onde surgiu a motivação para criar este projeto?
Quando na EPET decidimos concorrer ao Prémio FAQtos 2015, pensámos na elaboração de um produto que, para além da vertente didática, também tivesse uma função social. Entendemos que a interligação da escola com a sociedade é de primordial importância. Elaborámos uma lista de eventuais projetos e, posteriormente, fomos eliminando os que tecnicamente eram demasiadamente complexos ou financeiramente ultrapassavam o razoável, até chegarmos a um consenso. O projeto “Glasses for Blind People” foi elaborado por alunos do 11º ano do curso de Técnico de Eletrónica e Telecomunicações, pelo que teve de ter o enquadramento das diferentes matérias constantes nas disciplinas/módulos lecionados durante o ano. Como é natural, houve também um forte empenho e dedicação de todos os professores.
Como é o processo de adaptação de um invisual à utilização destes óculos?
A adaptação do projeto à realidade dos invisuais terá de passar por testes e adaptações, uma vez que se trata de um protótipo para o qual pretendemos desenvolvimentos no futuro. Pensamos que existirá sempre um tempo de sobreposição entre a bengala tradicional e o sistema dos óculos, mas com os aperfeiçoamentos necessários e adaptações caso a caso julgamos ser possível uma utilização efetiva.
E como podem usar as ferramentas de geolocalização e SMS?
O “Glasses for Blind People” tem por base um Arduíno UNO, que não é mais do que um microcontrolador. Este pequeno sistema refere-se ao tamanho e peso, mas pode ser associado a acessórios que o complementam ou lhe acrescentam finalidades – como é o caso. Ao nosso sistema foi adicionado um acessório que permite a comunicação com um telemóvel via bluetooth. No telemóvel tem de ser instalado uma aplicação que assegure as comunicações com o nosso produto. Para que tudo isto funcione, o Arduíno teve que receber um programa executado em C++, que permitiu o controlo de todo o sistema.
Quanto a possíveis desenvolvimentos futuros que tenham por base este sistema, podem ser feitos interligando kits ou acessórios adicionais ao Arduíno, que permitam a geolocalização usando sempre como suporte um telemóvel que tenha o sistema operativo Andróide para completar o funcionamento de todo o sistema de comunicação com a rede.
Da mesma forma, o envio de um SMS em situações de emergência também tem de ser feito a partir do telemóvel, uma vez que se pretende ter sempre acesso através da rede. O interesse neste caso reside em, por exemplo, com duas teclas se ativar automaticamente o envio do pedido de ajuda e, em simultâneo, a localização do utilizador, quer para um familiar quer para a esquadra da PSP/GNR.
Estes óculos funcionam com pilha ou bateria? Como se recarregam e em quanto tempo?
A alimentação de todo o sistema, com exceção natural do telemóvel, é feita através de uma simples bateria de 9 Volt, embora também possam ser usadas pilhas recarregáveis com uma tensão não inferior a 6Volt, uma vez que o sistema possui um regulador que controla a voltagem necessária para o sistema funcionar.
Pensam ser possível comercializá-los? Quais são os vossos planos para este projeto?
Trata-se de uma questão totalmente em aberto… Estamos a pensar contactar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e associações de invisuais para efetuarmos estudos de adaptação do protótipo. Haverão garantidamente melhorias significativas a implementar antes do processo de industrialização e da comercialização do produto.
[Entrevista: Tiago Belim]
[Fotos: Ângelo Costa]