ADN Escolas: Escola Secundária Francisco de Holanda
A tua revista Mais Educativa rumou até Guimarães e marcou encontro com a diretora da Escola Secundária Francisco de Holanda, a Professora Rosalina Pinheiro. Fomos conhecer o ADN desta Escola, os seus valores, oferta profissional e todos os projetos que se realizam neste espaço de aprendizagens para a vida. Vem connosco conhecer esta Escola!
Quais são os valores que tornam a Escola Secundária Francisco de Holanda única?
Os nossos valores são os da afetividade e da exigência. No nosso Projeto Educativo (PE) temos um conjunto de princípios orientadores do PE, bem como, princípios pedagógicos que pretendem fazer do AEFH uma escola pública exigente na sua prática, bem como, um espaço de afetos, onde os alunos adquirem conhecimentos e competências, mas também onde sejam felizes e sejam cidadãos críticos e interventivos. Não só no futuro, mas, essencialmente, no presente.
Numa altura em que o mercado de trabalho é cada vez mais competitivo. De que modo a oferta profissional da escola está alinhada com essas exigências?
O ensino profissional de nível secundário congrega o melhor da tradição e história social a que está vinculado, (a escola existe como escola de formação profissional desde 1884), com a qualidade e atualização pedagógica, tecnológica e cultural que a contemporaneidade exige, tendo recolhido a certificação da qualidade do Quadro de Referência Europeu de Garantia de Qualidade para a Educação e Formação Profissional – EQAVET (European Quality Assurance in Vocational Education and Training) –, um instrumento concebido para melhorar o Ensino e Formação Profissional no espaço europeu e que coloca à disposição das autoridades e dos operadores de EFP, ferramentas comuns para a gestão da qualidade, promovendo a confiança mútua, a mobilidade de trabalhadores e de formandos e a aprendizagem ao longo da vida.
Temos feito um esforço financeiro na aquisição de recursos pedagógicos que permitem aos nossos alunos aprender com recursos tecnológicos atualizados e, em simultâneo, investimos numa formação eclética, em que a exigência científica e sociocultural, lhes abre horizontes, promovendo o espírito crítico, criativo e inovar, competências essenciais para enfrentar um mercado em permanente mudança e altamente competitivo.
De acordo com o site da escola, estamos a falar de um universo de cerca de 1405 alunos. Como é que a Secundária Francisco de Holanda potencia o sucesso escolar junto desta comunidade?
O AEFH potencia o sucesso através da sua matriz curricular, na qual, os reforços às disciplinas são frequentados por todos os alunos, em que todos os alunos que obtêm classificações inferiores a 12 valores tenham um plano de apoio ao seu estudo. A matriz está pensada para compensar e ultrapassar as fragilidades que vão sendo identificadas pela equipa de autoavaliação. Um exemplo, identificou-se que a maior fragilidade é transversal à maioria dos alunos, e é a dificuldade no domínio da língua portuguesa. Nesse sentido, criou-se a disciplina de oferta complementar, desde o 7.º ano até ao 9.º ano, de Oficina de Leitura e Escrita e reforço no 10.º ano. Faz-se o desdobramento de 1 hora nas línguas estrangeiras, de modo a reforçar a possibilidade de prática do domínio da oralidade. Estas medidas melhoraram, significativamente, as competências dos alunos nos diferentes domínios do português e do inglês.
Para além do currículo, há um conjunto de atividades extracurriculares que incentivam e convocam diferentes conhecimentos curriculares e que potenciam o sucesso, como por exemplo o clube de Alemão, o clube de fotografia e o grupo de teatro, entre outros. Também valorizamos a existência do corpo na sala de aulas. Ou seja, a prática da educação física e bem-estar dos alunos é incentivada com inúmeras atividades ao longo do ano. Pois temos a convicção de que um aluno para ter sucesso terá de estar e sentir-se bem.
Formar pessoas livres, críticas, ativas é formar excelentes profissionais. Por isso, temos clubes de fotografia, cineclubes, teatro, de redação de jornais.
Num mundo tão digital, como o que vivemos atualmente, de que forma implementam a Educação Digital na oferta educativa?
A oferta digital inicia-se no 3.º ano do 1.º ciclo, em que a oferta complementar é Programação e Robótica. Temos em pleno desenvolvimento um plano de ação digital, no qual, nestes dois primeiros anos, os professores se tornam aprendentes e estão a fazer formação a nível de capacitação digital. Estas ações são desenvolvidas em regime de oficina, que implica a aplicação prática na sala de aula. Assim, o digital faz parte da práxis diária da sala de aula. É uma ferramenta/ instrumento pedagógico de extrema importância para o processo ensino/ aprendizagem. Uma evidência desse facto é a aceitação generalizada dos KIT e a sua utilização em permanência na sala de aula nas mais variadas disciplinas e projetos.
Temos um conjunto de princípios orientadores do Plano Educativo (…) que pretendem fazer do AEFH uma escola pública exigente na sua prática, bem como, um espaço de afetos, onde os alunos adquiram conhecimentos, competências, mas também, sejam felizes e cidadãos críticos e interventivos.
A oferta de Clubes está direcionada para a Cultura, desde o teatro, ao cinema, e à fotografia. Em que medida a ligação entre a Educação e a Cultura é importante para desenvolver os próximos profissionais do país?
A criatividade é uma das competências mais valorizadas no mercado de trabalho. Esta é estimulada pela existência da relação bidirecional entre a educação/cultura nas escolas. Não podemos ter um técnico de design industrial que desconheça a fotografia ou um técnico de informática que desconheça um filme como Matrix! A cultura permite refletir sobre a realidade das mais variadas formas, permite “pensar fora da caixa”. A escola tem de ser uma fonte de conhecimento, mas também um “interposto cultural”. Para a nossa equipa pedagógica é impossível imaginar um ensino profissional sem que os alunos tenham ido ao teatro, a um museu ou sem terem discutido uma obra literária! Formar pessoas livres, críticas, ativas, é formar excelentes profissionais. Por isso, temos clubes de fotografia, cineclubes, teatro, de redação de jornais. Apostamos na formação eclética dos nossos jovens alunos dos cursos profissionais.
De que forma gostaria que a Escola Secundária Francisco de Holanda fosse recordada pelos seus alunos?
Como uma casa de afetos, de aprendizagem, onde foram, acima de tudo, felizes. Que a escola seja sempre uma referência nas suas vidas pelos princípios que lhes incutiu e pelos valores que defende, nomeadamente, o que o nosso Projeto Educativo defende: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”, não havendo lugar a qualquer tipo de discriminação “em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”, e que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, [e] devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.” A dignidade humana, assente no igual valor de que todos os seres humanos são iguais, é irrenunciável, não pode ser relativizada ou secundarizada perante nenhum outro valor, e constitui-se como algo sagrado, no sentido em que esta, deve estar, para além dos poderes do Estado, das igrejas ou das culturas, como um intocado”.