“Má Educação – Peça em 3 Rounds” : A metáfora do ensino
É da encenação de Miguel Fragata e do texto de Inês Barahona, que nasce a peça “Má Educação – Peça em 3 Rounds”. Prevista para os dias 17, 18 e 19 de março, no Teatro do Campo Alegre, a peça teve de ser adiada, por motivos de saúde de um dos elementos da companhia. Mas foi finalmente nos dias 16 e 17 de dezembro, que a peça esteve em cena no Teatro São Luíz.
O espetáculo de Inês Barahona e Miguel Fragata, com coreografia de Victor Hugo Pontes e música de Hélder Gonçalves, representa a ligação entre a dança e o teatro. Ao longo da peça nascem muitas perguntas. – “O que é a educação? Como se educa? O que se educa? Educa-se para quê? Para onde?”
Durante a peça, o palco de teatro transforma-se num ringue de boxe. Teresa Gentil é a pianista que acompanha os combates que decorrem. Em cena há uma bailarina, uma atriz e uma criança – três gerações diferentes que entram em disputa, num palco que é um espelho daquilo que é a Educação e tudo o que em torno dela existe: a oposição entre os professores e alunos, entre o futuro e o passado, entre a aprendizagem e o conhecimento.
Inês e Miguel observaram e estudaram as dinâmicas das comunidades escolares. Com isto, tentaram perceber o que é a educação e desconstruir as ideias associadas à “escola ideal”. Inês explica que ela e Miguel andaram a “tentar perceber aquilo que chega da parte de professores, alunos, pais e auxiliares nas escolas.” A peça, é um espetáculo, que através da metáfora do boxe, tenta transmitir à audiência, os constantes “combates” e “conflitos” , que existem nas escolas e nas dinâmicas aluno-professor e vice-versa.
Ocorrem três assaltos. A “professora” é Carla Galvão (atriz), a “aluna” é Ana de Oliveira (bailarina), e a assistir encontra-se uma “criança”, Vitória Fragata – cada assalto representa uma metáfora sistema de ensino. No primeiro o professor impõe-se ao aluno, como seu superior. No segundo existe equidade. Não há vencedor nem vencido, existe tranquilidade e cada um representa a sua posição, sem existir superioridades, relativas a alguém. No terceiro e último assalto, aluno e professor confundem-se, são unos. Não existe rivalidade, mas sim uma relação mútua de aprendizagem.
Além de alertar para os “perigos” existentes no mau funcionamento da educação, a peça é também um espaço inclusivo. É um espetáculo bilingue, e além de ser falado em português, é falado em Língua Gestual Portuguesa, contando com a presença das intérpretes em língua gestual, Valentina Carvalho e Cláudia Braga.