Projeto de Erasmus “Playing With the Play”- Agrupamento de Escolas Forte da Casa
A Europa precisa de sociedades mais inclusivas e coesas, que permitam aos cidadãos desempenhar um papel ativo na vida democrática. A educação dos jovens é crucial, para promover valores europeus comuns.
O Erasmus+ é um instrumento eficaz para promover a inclusão de pessoas, da formação da juventude e de remover barreiras existentes, sejam elas culturais, linguísticas, geográficas ou políticas.
Durante a semana de 21 a 26 de novembro decorreu o projeto de Erasmus “Playing With the Play”, coordenado pela Finlândia no Agrupamento de Escolas Forte da Casa. A escola recebeu alunos e professores vindos da Finlândia, Grécia, Hungria, Polónia e Turquia que ficaram hospedados na casa dos alunos portugueses, que no início de outubro estiveram nas respetivas casas destes alunos estrangeiros. Este Agrupamento em trabalho conjunto com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, promoveu a oportunidade de os seus estudantes participarem neste projeto Erasmus.
Um projeto dedicado à expressão dramática, numa semana que envolveu workshops de teatro, dança, cantos, passeios desde o Forte da Casa, à Póvoa de Santa Iria, a Lisboa, Sintra e Cascais, visitas a museus e outras atividades.
Estes dias contaram com o grande empenho escolar dos alunos e das famílias ligadas ao projeto, dos professores e funcionários, da Comissão Administrativa CAP e do seu presidente e coordenador de Erasmus, Paulo Marques e de várias entidades concelhias.
No dia de receção dos alunos estrangeiros, a Mais Educativa deslocou-se à Escola Secundária do Forte da Casa, para saber mais pormenores sobre a semana de Erasmus e falar com várias entidades e organizadores e com alguns estudantes que participam no Erasmus, para saber como estavam a viver esta experiência.
Professora Cristina Cruz, Responsável pelo projeto de Erasmus “Playing with the Play” no Agrupamento de escolas do Forte da Casa
Este programa está incluído em que âmbito?
O projeto surgiu de uma parceria internacional que temos com a escola de Manavgat, na província de Antalya, na Turquia. Já temos quatro projetos em comum e sempre que podemos, renovamos a parceria e lançamos candidaturas à Comissão Europeia do projeto de Erasmus.
Relativamente ao tema, “Playing with the Play”, este prende-se com a diversidade cultural e a forma como os alunos e os professores podem encarar o teatro, como sendo uma atividade escolar com dinâmicas ligadas à divulgação literária de cada país.
Qual é o objetivo do mesmo?
O objetivo deste projeto é confrontar alunos da Europa, futuros cidadãos europeus, na interligação cultural, para que conheçam novos modos de vida e de estar na Europa e aprendam a lidar com as diferentes dinâmicas.
O teatro, como dinâmica pedagógica em meio escolar e em cooperação com o projeto de Erasmus, pretende formar cidadãos que saibam e compreendam que a Europa é formada por um conjunto de cidadãos de diferentes nacionalidades, que se regulam com diversos objetivos.
Quantas pessoas e entidades estão envolvidas no projeto?
Um total de 10 entidades e de 210 intervenientes diretos. Estão envolvidos 30 alunos dos cinco países envolvidos e 50 alunos portugueses (30 com atividades diretas no projeto e 20 com atividades de apoio de receção). Cerca de 20 professores, 11 internacionais e os restantes da escola do Forte da Casa. Indiretamente estão envolvidos alunos dos cursos profissionais da nossa escola, do curso de Turismo, de Cozinha e Pastelaria, de Multimédia, funcionários da nossa escola e entidades concelhias.
A participação de várias entidades concelhias foi muito importante para este projeto. Tivemos presente a Senhora Vereadora e Vice Presidente do Concelho de Vila Franca de Xira, Marina Tiago, assim como a Presidente da Junta de freguesia de Forte da Casa, Ana Cristina Pereira e o delegado para a Educação, Nelson Rocha. Estiveram também envolvidas entidades relacionadas com os transportes, hotelaria e museus.
Adicionalmente, tivemos a colaboração de 30 famílias, que foram determinantes e receberam 30 alunos estrangeiros. Foi uma grande dinâmica e um projeto com uma grande dimensão. Tudo isto deu uma consistência e um reconhecimento ao nosso trabalho e dos alunos, em implementar um projeto deste tamanho, em meio escolar. O agrupamento está de parabéns!
Qual é a importância deste género de atividades para caminharmos para uma sociedade coesa e que desempenha ativamente o seu papel democrático?
A metodologia destas atividades de trabalho de projeto é a metodologia do futuro. Os jovens terão de trabalhar e conceber projetos temáticos para fazerem a sua aprendizagem, através da pesquisa e construção, que possam produzir trabalhos de grande valor. A metodologia de projeto é o futuro e ajuda à formação dos indivíduos de uma forma mais consistente e elaborada. É realmente uma nova abordagem pedagógica e que vai marcar a didática do ensino. Assim temos a possibilidade de estar a contribuir para a formação dos cidadãos do amanhã, de uma forma muito real, pragmática e ligada à realidade do dia a dia.
De que maneira o Erasmus influencia e marca as pessoas envolvidas?
Os projetos internacionais são um desafio para os professores e para os alunos. Para os professores, esta abordagem internacional é um desafio que os projeta a nível internacional e que poderá dar uma certa confiança e autoestima na sua atitude e na criação do seu método pedagógico de ensinar. Ao estabelecer essas “pontes”, de novas ideias e desafios, fortalecem o seu método de trabalho no futuro.
Para os alunos, muitos terão a oportunidade de viajar pela primeira vez, de praticar o seu inglês de uma forma muito mais prática e real, de “enfrentar” realidades muito diferentes do seu quotidiano, o que marcará os para toda a sua vida e os irá motivar. Pela minha experiência, os alunos percebem o valor da escola, do estudo, da promoção através do conhecimento e da cultura. Criam ligações às escolas e aos professores de uma forma mais afetiva e autêntica, o que influencia as suas opções futuras. É muito comum sabermos de alunos que foram de Erasmus durante o projeto, fazerem depois Erasmus na Universidade. Que quiseram estudar mais, quando tinham uma perspectiva mais redutora do seu futuro. O Erasmus cria esperança, dilata a vontade de estudar e ir mais longe, a motivação para o trabalho intelectual e de inspiração.Todos saímos desta experiência mais felizes e mais ricos a nível cultural e pessoal.
Marina Tiago, Vereadora da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Responsável pelo pelouro do Departamento da Educação
Como surgiu a oportunidade da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, se envolver neste projeto?
A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira colabora com os agrupamentos de escolas, neste género de projetos. As escolas fazem as suas candidaturas, de acordo com as suas preferências e os seus projetos educativos, e depois solicitam à câmara algum apoio que possam considerar que lhes seja necessário e importante. Disponibilizamos esse apoio sempre que possível, porque para nós, é muito importante este contacto dos alunos, com outros alunos, de outras realidades culturais, de outros contextos sociais. Esta é a parte da educação não formal, que faz muito sentido na construção da personalidade dos alunos. Sempre que o município pode colaborar neste processo, fá-lo com todo o gosto.
Para a cidade e para o município, qual é a importância de se envolverem em projetos internacionais?
Para nós é importante, acima de tudo, porque isso proporciona, não só a quem nos visita, um contacto com o concelho de Vila Franca, e com aquelas que são as realidades culturais e históricas, do concelho. Mas também, e acima de tudo possibilita aos nossos alunos, do concelho, este enriquecimento pessoal. Há uma componente que extravasa a questão da formação académica e dos conteúdos que se trabalham nestes projetos. Existem experiências que ficam na memória dos alunos que participam nestes projetos e que por norma os torna depois, mensageiros e dinamizadores do projeto, passando a palavra aos outros colegas. Este caminho de divulgação da importância da interculturalidade faz-se nestes Erasmus, e esse é o que para nós é importante neste processo.
Os jovens de hoje são os adultos de amanhã e serão profissionais e cidadãos ativos em termos democráticos na nossa sociedade. Quais são os valores que eles aprendem com este contacto intercultural e até como agentes da nossa própria cultura, que adquirem?
Esta geração é uma geração intercultural. Este tipo de contacto promove valores como a partilha, a tolerância e a troca de saberes. Muitas vezes a constatação de que apesar da distância geográfica, há um conjunto de questões que une os adolescentes e jovens do mundo inteiro -gostos musicais, gostos culturais. Este Erasmus é dedicado acima de tudo, à questão da expressão dramática, o que permite formar cidadãos que são cada vez mais cidadãos do mundo, quer seja por via digital, através da sua mobilidade e da possibilidade de trabalhar em Portugal ou noutro país do mundo, na sua carreira profissional. A questão da convivência com o outro, com a diferença cultural, de crença, de história, permite a construção da tolerância e o respeito pelo outro, que fazem em nosso entender o caminho para os cidadãos do futuro. Tolerantes, respeitadores da diferença, participando de forma democrática e interventiva, naquilo que é a construção do seu próprio futuro.
Para os professores, o que lhes acrescenta em termos profissionais este projeto?
Todos os professores que entram nestes projetos, são por norma, professores que gostam da perspetiva da troca de saberes, da partilha de boas práticas. A aprendizagem é de facto muita. O
contacto com outros colegas de outros países, permite-lhes isto. Constrói um caminho comum, que depois se aplica nos seus próprios conselhos pedagógicos. Acima de tudo, são pessoas que fomentam esta interculturalidade também na sua prática pedagógica. E isto é uma mais valia até na relação com os alunos.
Nelson Gomes Rocha, Presidente do Concelho Geral e da Associação de Pais Encarregados de Educação e Vogal da Junta, responsável pelo Pelouro da Educação
Porquê incidir na cultura, quase como mote principal, deste projeto internacional?
Acaba por ser a maneira mais fácil de conseguirmos chegar a todos. Existindo a barreira da linguagem, é mais fácil dentro do teatro, da música, conseguirmo-nos entender. O teatro vai envolver a comunidade educativa toda, porque é algo que todos percebem.
Na sua opinião, do ponto de vista dos alunos, qual é a principal vantagem de eles se envolverem e acolherem alunos estrangeiros?
O simples facto de poderem sair para outro país, de poderem acolher alunos de fora, terem-nos em casa e estarem na casa deles, faz com que estejam muito motivados e aprendam bastante.
O que é que o município e a cidade , ganham com o envolvimento e a receção de alunos internacionais?
Muito. O Forte da Casa é uma freguesia com muita história. O que os alunos esta semana vão fazer é entrar dentro da história de Port
ugal. A freguesia tem tudo – o próprio forte que deu nome à vila, o centro interpretativo. Nesta área existem fortes militares que foram erguidos no âmbito das fortificações das linhas de Torres Vedras. No contexto das invasões francesas, estas linhas defensivas serviram como a primeira derrota de Napoleão, na zona de Vila Franca de Xira.
Não é por acaso que quem cá vem, deseja voltar.
Ana Cristina Pereira, Junta de Freguesia do Forte da Casa
De que modo é que a junta se envolveu neste projeto. E de que modo a Junta se costuma envolver e com que frequência, neste tipo de projetos escolares.
Nós somos geralmente convidados, tanto pelo Agrupamento de Escolas do Forte da Casa, como pelo Agrupamento de Escolas de Santa Iria, para participar, para dar a conhecer a nossa freguesia, com informação, com algum tipo de presente, caso tenhamos e também para dar a conhecer um pouco do nosso território, da nossa freguesia a quem realmente acolhemos.
E realmente essas são as principais vantagens, que aponta ao envolvimento da junta, neste tipo de projetos internacionais?
Sim. Nós temos efetivamente uma freguesia muito multicultural, portanto temos pessoas vindas de todo o nosso país e mundo, e uma forma de nos aproximarmos, de ficarem a conhecer outras culturas, outras formas de estar, outras línguas. É sempre muito enriquecedor.
A junta tem por hábito envolver-se noutro tipo de projetos escolares?
Sim, somos convidados a estar presentes, sobretudo em termos de cidadania, de dar a conhecer o nosso trabalho e o que fazemos, como os alunos podem participar na vida da sua comunidade. Sempre que somos desafiados estamos presentes.
Entrevistas a Alunos Portugueses
Laura Martins, Curso de Línguas e Humanidades; Erasmus na Polónia
Qual foi a atividade que gostaste mais?
A atividade que eu mais gostei na Polónia foi quando fomos a um teatro e fizemos exercícios de teatro, tais como confiar nas pessoas, exercícios de teatro. A atividade que vou gostar mais de fazer esta semana vai ser a parte final que é cantar e dançar, fazer workshops de dança e canto, em conjunto com os alunos de Erasmus.
Consideras que este programa é importante para que aspetos da tua vida académica?
Acho muito importante para o futuro. Se quisermos viajar, ou trabalhar noutro país, as oportunidades que vamos ter são diferenciadoras. O Erasmus proporciona-nos isso, pois ajuda-nos a falar e a ter contacto com outras culturas.
O que queres fazer no futuro, já sabes?
Quero seguir artes performativas, canto ou interpretação, ser atriz. Algo que já vem de há algum tempo, mas que tem sido influenciado por estas atividades.
Luana Correia, Curso de Turismo; Erasmus na Polónia
Estás entusiasmada para os restantes dias?
Sim! Vamos ter um workshop de dança, de teatro. Vamos passear, a Sintra, Cascais, Lisboa.
Consideras que este programa é importante para que aspetos da tua vida académica?
É importante para mim! No curso que estou a tirar é importante comunicar com outras pessoas, principalmente estrangeiros. Acho que me vai ajudar muito, em termos de socializar com pessoas que não conheço.
O que queres fazer para o futuro?
Se não for hospedeira de bordo, quero abrir uma agência de viagens.
Beatriz Felicidade, Curso de Línguas e Humanidades; Erasmus na Polónia
Qual foi a atividade que gostaste mais?
Eu gostei muito dos workshops, consegui aprender muita coisa. Lá está, era uma reunião de Erasmus de Teatro, então nós fizemos workshops de teatro, movimento. Foram muito engraçados, realmente gostei muito.
Estás entusiasmada para os restantes dias?
Claro. Vamos conhecer novas pessoas, vamos visitar Lisboa, vamos a museus. São muitas atividades.
Consideras que este programa é importante para que aspetos da tua vida académica?
Sim! Primeiramente só o facto de conseguir praticar inglês e ter de falar inglês, que é uma coisa neste momento, com a globalização, penso que vai ajudar muito no futuro.
Também querendo seguir teatro, pelo lado dos workshops ajudou-me muito. E também o facto de conhecer outras pessoas e ter novas experiências, é muito importante.
Entrevistas a Alunos Estrangeiros
Péter Pákozdi, Hungria; Curso Catering Organizer
Qual é a atividade pela qual estás mais entusiasmado?
A viagem a Lisboa e as outras viagens, gosto muito de conhecer novos sítios. Estou muito entusiasmado.
Consideras que este programa é importante para que aspetos da tua vida académica?
Sim. Posso praticar o meu inglês, conhecer pessoas novas, fazer amigos…
O que queres fazer no futuro?
Não tenho bem a certeza, mas espero vir a saber rapidamente. Sei que quero viajar e conhecer outros países.
Meysa Yildiz, Turquia; Curso de Línguas
Qual é a atividade pela qual tens mais curiosidade neste experiência?
Falar com as pessoas na escola e com a população portuguesa!
Consideras que este programa é importante para que aspetos da tua vida académica?
Sim. Para o nosso currículo pois, há uma maior possibilidade de arranjar um emprego com uma experiência internacional!
O que gostavas de fazer no futuro?
Gostava de ser polícia.
Projeto de Erasmus “Playing With the Play”- Agrupamento de Escolas Forte da Casa