Educar através da arte: a representatividade dos Direitos Humanos no cinema
O Dia Internacional dos Direitos Humanos é celebrado anualmente a 10 de dezembro. A celebração da data foi escolhida para honrar o dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou, a 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem. O documento foi elaborado por representantes de diferentes origens e culturas, a fim de estabelecer, pela primeira vez, a proteção das liberdades individuais, num mundo devastado pela II Guerra Mundial.
A data visa homenagear o empenho e a dedicação de todos os cidadãos defensores dos direitos humanos e colocar um ponto final a todos os tipos de discriminação, promovendo a igualdade entre todos os cidadãos.
Este dia é um dos pontos altos na agenda das Nações Unidas, decorrendo várias iniciativas a nível mundial de promoção e defesa dos direitos humanos do homem, que são de todas as pessoas, independentemente da raça, nacionalidade, género, etnia, religião ou qualquer outra condição.
A luta pelos direitos humanos, não ficou apenas em 1948. Continua todos os dias. Vinte e sete milhões de pessoas vivem na escravatura. Mais de mil milhões de pessoas adultas não sabem ler. Milhões de crianças não têm direito à educação, a uma casa ou a saneamento básico.
Dada a magnitude das violações dos direitos humanos, não é de surpreender que 90 porcento das pessoas sejam incapazes de nomear mais de três direitos, dos trinta existentes.
A melhor forma de combater os problemas associados ao desrespeito dos direitos humanos é a informação. É chegar à sociedade e despertá-la dos problemas existentes, para que esta intervenha e faça a diferença, para contribuir para um mundo melhor.
A arte pode informar. Seja na música, no teatro, em livros, no cinema ou em espetáculos, a arte permite conhecer e refletir sobre diversos temas, sejam eles próximos ou distantes da nossa realidade.
O cinema é muito mais do que entretenimento. É um instrumento poderoso. Um espaço que permite refletir, alertar, falar, denunciar e consciencializar sobre os Direitos Humanos e sobre os problemas atuais. Desta forma, ao longo de décadas, tem sido fundamental para debater temas relevantes da sociedade.
O cinema ajuda a educar sobre os direitos humanos. Os filmes têm grande impacto social e contribuem para a transmissão de valores fundamentais para a sociedade. A Mais Educativa traz-te uma lista de filmes que deves ver e refletir neste dia.
O Rapaz que prendeu o Vento
Filme original britânico, inspirado no livro autobiográfico de William Kamkwamba.
Conta-nos a história de William, um rapaz de 13 anos que vê a sua aldeia no Malawi, a passar fome devido à seca que assola o país.
William é um autodidata, arranja rádios e sempre que pode vai ao ferro-velho procurar preciosidades. Com aquilo que encontra, constrói uma turbina eólica – como se fosse um puzzle – para criar energia e bombear água para plantar alimento.
O filme faz-nos refletir sobre as condições precárias que muitos países subdesenvolvidos no continente Africano sofrem. A escassez de bens materiais e de dinheiro, que leva à reutilização de outros recursos.
Mais do que tudo, mostra que é no meio do desafio, que nos devemos centrar no que possuímos e usá-lo no máximo proveito. William só tinha “sucata”, mas mesmo assim construiu um moinho de vento que salvou a sua aldeia. Ele tinha o mais importante- a vontade de fazer acontecer.
12 Anos Escravo
Filme baseado em factos verídicos da vida de Solomon Northup
Nova Iorque, 1841. Solomon Norhup é um homem negro livre que vive com a mulher e os filhos e leva uma existência pacífica. Ao aceitar o convite de dois homens para entrar numa digressão, vê a sua vida mudar para sempre. Após uma noite de bebida, acorda acorrentado. Foi comprado pelo dono de uma plantação no Luisiana e, a partir desse momento, torna-se escravo. Decorreram doze anos, até ser finalmente libertado.
Um filme cruel, que aborda de forma real o que é a escravidão. Mostra que o Homem por vezes consegue ser o pior inimigo dele mesmo.
Os direitos humanos são mais que expostos nesta representação brilhante. Apesar de a escravidão ter sido abolida dos Estados Unidos depois da Guerra Civil, atualmente existem mais pessoas em situação de escravidão do que em qualquer outro momento da história. Há mais de 25 milhões de crianças, mulheres e homens a viver em condições de escravidão moderna – todos os anos centenas de milhares de pessoas são vítimas – vítimas de tráfico humano, servidão, trabalho forçado, trabalho infantil, casamento forçado, exploração sexual e outras formas de exploração.
Um crime hediondo contra a humanidade, ainda existente no século XXI, que exige todos os esforços para proteger os cidadãos e cidadãs mais vulneráveis. Por detrás de cada vítima está um ser humano, privado da sua liberdade e dos seus direitos.
O Rapaz do Pijama às Riscas
Filme baseado na Segunda Guerra Mundial, mas a sua história é ficção.
O filme ocorre durante a Segunda Guerra Mundial, na Alemanha. Bruno tem oito anos e é filho de um oficial nazi. Perto da sua casa, existe o que é para Bruno uma “quinta”, mas que na realidade é um campo de concentração.
Bruno não tem amigos, até que conhece Shmuel, um menino da sua idade, e que veste um pijama às riscas. Passam a ver-se todos os dias e surge uma grande amizade entre os dois.
Shmuel é tão inocente quanto Bruno, não sabendo exatamente de que se trata o local onde vive.
O filme explora então o antagonismo da inocência da criança – que vê todos como iguais, independentemente da raça, etnia, religião ou posição – em contraste com a dureza, impureza e perversidade do nazismo.
O Holocausto, prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual, estabelecida durante os anos de governo nazista de Adolf Hitler, foi um atentado aos direitos humanos. Os povos perseguidos eram capturados, isolados e mortos.
Os direitos humanos são atribuídos a uma pessoa pelo simples facto de esta ser humana. A violação destes é clara e evidente no filme, uma vez que os judeus sem direito à liberdade e segurança, eram escravizados, castigados cruelmente e não eram reconhecidos como humanos pela lei.
Mesmo com a consolidação dos direitos humanos em 1948, nos dias atuais ainda se tem casos de violação dos direitos humanos. Estes filmes servem para o ser humano repensar nas suas atitudes e no conceito de direitos humanos, tão falados, mas tão ignorados na prática.