Catarina Palma, licenciada em Comunicação Social na Universidade Católica Portuguesa, é atualmente repórter do Faz Faísca e podemos ouvi-la todos os dias no “Top 10 às 10” da Mega Hits.
És licenciada em comunicação social. Sentes que a tua licenciatura te deu a bagagem necessária para o que fazes diariamente?
Em relação à licenciatura, claro que não me deu tudo o que é necessário. Só começamos a ganhar bagagem quando estamos “em campo” mas, sem dúvida, que a licenciatura deu-me a capacidade de me organizar, estabelecer prioridades e organizar pensamentos. Deu-me contexto e cultura. E isso é também muito importante.
Inicialmente querias era ser atriz e até tentaste ingressar na Escola Superior de Teatro e Cinema. Como encaras agora, o facto de não teres enveredado por esse caminho?
Mais que bem! Eu sempre quis ser atriz… desde pequenina. Mas quando somos pequenos conhecemos pouco. Quando começas a crescer e a conhecer os 1043 caminhos que podes seguir, a vida passa a ser mais divertida “hmmm se eu for por aqui o que é que vai acontecer?…”. Às tantas parei para pensar se queria mesmo ser atriz ou se só me tinha habituado a querer?… acho que me habituei, porque quando tive este pensamento as coisas
ficaram mais claras e deu-me liberdade para experimentar qualquer coisa.
Ainda assim, acabaste por fundar um grupo de teatro amador, como surgiu a ideia e qual é o teu papel neste projeto?
Claro que sim! Eu gosto de todo o tipo de artes e é bom conhecermos um bocadinho de tudo. Eu andei em aulas de representação durante alguns anos simplesmente porque adorava… e ao fim de 5 anos com o mesmo professor, eu e
mais algumas colegas, decidimos avançar com um projeto. Queríamos saber se éramos capazes. E, guess what? Fomos YEY! Entretanto afastei-me mas, de vez em quando, o CAROÇO ainda dá de si. Até te digo que vai ter uma peça em cena daqui a umas semanas (não sou eu que vou estar em palco, mas vale sempre a pena ir ver porque elas são incríveis).
Estavas a terminar a licenciatura quando começaste a trabalhar na Mega, como surgiu esta oportunidade?
Olha, foi uma questão de timing. Houve um casting na Mega (que nunca mais houve) e a minha turma de rádio foi toda. E eu e a Ana Pinheiro ficámos 🙂
Ainda te lembras como foi o teu primeiro dia?
Lembro-me de ter três pensamentos: Como é que eles estão aqui na boa a falar com um programa de rádio a acontecer? Como é que eles se conseguem concentrar com tanto barulho? A sério que o café se paga? (choque)
Pode-se dizer que a rádio foi o teu primeiro grande amor ou a televisão veio ocupar esse lugar?
A rádio é sem dúvida o meu primeiro grande amor. Não sei se foi por não ter expectativas e fui completamente
arrebatada por tudo o que a rádio é… não sei. Mas rádio é magia. São 3 minutos no carro em que nós podemos mudar o mood de uma pessoa. São 3 minutos em que nós podemos transportar essa pessoa para qualquer lado do mundo. São 3 minutos que podem gerar conversa para mais algum tempo. São 3 minutos que te podem convencer a ter os teus 3 minutos todos os dias, na nossa rádio.
De que forma a rádio e a televisão se podem complementar, enquanto meios de comunicação e expressão?
Em relação à televisão, eu tenho muito pouca experiência. Faço um programa de reportagens em que me divirto muito, mas nunca fiz um direto na vida, por isso não posso falar com total propriedade. Mas eu acho que a velocidade do discurso muda. Na TV (no tipo de programa que eu faço) é tudo pão pão queijo queijo (ahah
adoro esta expressão), é rápido e direto ao assunto, na rádio temos mais tempo para andar ali a namorar… esta diferença ensina-nos a comunicar melhor.
Fazer televisão sempre foi algo que ambicionaste ou surgiu ao acaso?
Surgiu por acaso, mas claro que ambicionei. Eu ambiciono tudo. Se há coisa que aprendi é que podes ser muitas
coisas. Isso é liberdade. Por isso, para além de ambicionar televisão, também ambiciono cuidar de animais selvagens,
e um dia vai acontecer (não sei como… ainda). No podcast “Alerta Trend!”, disseste que a televisão é um meio que estereotipa cada vez mais a beleza.
Alguma vez sentiste que por seres uma mulher bonita e sensual, algumas pessoas desvalorizam o teu valor profissional e acham que só és “mais uma cara bonita”?
Hmm… Já fui a esse podcast há mais de dois anos, não me lembro do contexto e por isso já não tenho a certeza se
concordo comigo. Sabes… acho que é relativo. Há dias em que sinto totalmente isso… e pior, duvido também eu de mim; mas há outros em que tenho a certeza total de que sou profissional, que acrescento e que tenho uma voz. Como tudo, há dias mais difíceis que outros.
O que achas necessário para se ser bem sucedido nesta área?
Vou dizer uma coisa super clichê… Tens de ser tu! A cena é: não há ninguém que seja mais tu do que tu. Não há ninguém que comunique como tu comunicas… se começares a imitar outras pessoas, já não vais ser diferente, não vais ser único, e a tua mensagem pode se perder pelo caminho. Por isso tens de te abraçar todo e mostra-te com orgulho. Haverá sempre alguém que se vai identificar contigo.
Atualmente há uma elevado número de pessoas licenciadas em comunicação, que não conseguiram trabalhar na área. Consideras-te uma sortuda?
Totalmente. Tudo na vida é sorte e timing. Claro que, quando tens sorte, convém trabalhares para a manteres, mas longe de mim achar que tudo é mérito meu… se eu não tivesse ido àquela aula de rádio,
não sabia do casting e não tinha entrado. Se calhar tinha tido uma oportunidade completamente diferente e hoje tinha outra profissão qualquer
Tanto a rádio como a televisão, parecem meios cada vez mais fechados, no sentido em que é difícil lá entrar. Que conselhos podes deixar a alguém que gostaria de fazer uma carreira nestes meios?
Estágio, networking, workshops e usar as redes sociais como uma exposição daquilo que podes ser e fazer.
Além dos teus trabalhos, também és ativa nas tuas redes sociais. Que tipo de conteúdos gostas de partilhar no digital?
Tudo o que fizer sentido. Gosto de mostrar os meus cães, as minhas férias… as minhas escolhas… não tenho de todo uma categoria tipo “lifestyle”. Por acaso até acho que devia trabalhar mais e ser mais relevante nas minhas redes sociais, mas esqueço-me.
Criaste o grupo “Amigos da Japa” de forma a promover a adoção de cães abandonados e sabemos também que tens algumas preocupações ambientais. Podemos dizer que és uma mulher de
causas?
Não me considero uma pessoa de causas. Mas acho que OS AMIGOS DA JAPA nasceram quando percebi que tinha
algumas pessoas a seguirem-me sem razão nenhuma. Eu (na minha opinião) não era relevante e foi aí que percebi que podia utilizar a minha voz para coisas que importam. E acho que foi uma coisa boa, perceber que quando temos palco é importante usá-lo com cuidado e atenção, e já que vamos influenciar, que influenciemos para o bem.
Sentes que o objetivo deste projeto, foi bem conseguido?
Acho que sim. O objetivo era tentar mostrar que os cães do canil não são feios, porcos e maus… continuam a ser bolas de amor que precisam de uma casa e de mimos. E acho que consegui passar a mensagem.
Qual foi o maior desafio profissional ao qual te propuseste?
Estava a pensar como responder a esta pergunta mas, na verdade, todos foram o maior desafio profissional… porque
fazer qualquer coisa pela primeira vez é sempre um pânico e assustador e acho sempre que não vou conseguir. E depois consigo (mesmo que às vezes demore um tempinho).
O que ninguém sabe sobre ti? (que possas partilhar connosco)
Pergunta difícil porque eu não consigo guardar muitos segredos meus ahah… portanto, provavelmente ninguém sabe
aquilo que ninguém me perguntou… tipo, se gosto de ananás? odeio. Se tenho uma panca gigante pelo Noah Centineo? Sim.
O que te vês a fazer daqui a 10 anos?
Odeio pensar assim. Não sei e nem quero saber. Se daqui a 10 anos as coisas não forem como imaginei, então não vou ficar feliz. Por isso, prefiro decidir o que vou fazer amanhã… vou de férias. Isso sim deixa-me bem disposta (as coisas, as vontades e o contexto mudam… se calhar daqui a 10 anos sou bióloga algures na selva).