10. De que forma o Ensino Profissional se tem transformado e adaptado às necessidades do mercado de trabalho?
A ANQEP, por não ter uma estrutura com as dimensões necessárias, não responde com a rapidez desejada. O catálogo de formações está desatualizado, e neste momento em concreto, com as necessidades que surgiram neste último ano, começa a ficar muito desatualizado. Com a emergência do teletrabalho, vimos um novo conjunto de qualificações, que seriam necessárias nas escolas profissionais. E as escolas não podem simplesmente criar um curso, o curso já tem de existir no catálogo, caso contrário não poderá ser submetido à autorização do Ministério da Educação. O catálogo como está atualmente deveria de ser alterado, precisamente para se adaptar e adequar ao mercado de trabalho.
11. Os formandos poderão dar continuidade no Ensino Superior à área de estudos pela qual optaram no Ensino Profissional. Qual é a sua posição face aos critérios de acesso ao Ensino Superior para os jovens que frequentam a Formação Profissional?
Essa foi uma grande revolução e um passo muito positivo, era uma reivindicação da ANESPO (Associação Nacional de Escolas Profissionais), e está corretíssimo como está atualmente.
12. Qual a percentagem de alunos do Ensino Profissional a prosseguir os estudos no Ensino Superior, atualmente?
Infelizmente apenas 20%. É muito baixo, apesar de ter vindo a aumentar, é preciso aumentar ainda mais. Com os cursos nos Institutos Politécnicos, conseguiu-se aumentar drasticamente o número de alunos do Ensino Profissional no Ensino Superior, e os Institutos Politécnicos públicos e privados têm feito um ótimo trabalho com os CTeSP (Cursos Técnicos Superiores Profissionais), mas é preciso trabalhar mais. E nesta questão não se fala muitas vezes, a cooperação entre Ensino Profissional e Ensino Superior. Fala-se mais frequentemente na cooperação com psicólogos e orientadores profissionais e com as empresas, mas é muito relevante abordar frequentemente a necessidade de estabelecer uma cooperação entre Ensino Profissional e Ensino Superior, precisamente para aumentar estes números.
No Grupo ENSINUS fazemos reuniões entre os diretores das nossas escolas profissionais e diretores dos Institutos Politécnicos para haver uma adequação dos CTeSP, que têm uma tramitação diferente dos Cursos Superiores, que tramitam dentro da Direção-Geral do Ensino Superior. Conseguimos ter um volume de CTeSP totalmente adequado ao nosso Ensino Profissional, temos aumentado a ida de alunos para o Ensino Superior, dentro do nosso grupo estamos dentro dos 50%. Mas, é necessário haver um diálogo para que o diretor do Instituto Politécnico saiba o que se passa dentro do Ensino Profissional.
13. De que forma antevê que o Ensino Profissional irá evoluir nos próximos anos?
Iremos assistir a uma grande transformação, e o Ensino Profissional irá estar, à semelhança do Ensino Científico-Humanístico, sujeito a grandes desafios a par com esta nova realidade. Mas creio que nós iremos conseguir ultrapassar todos estes constrangimentos e creio que por exemplo, no que diz respeito aos sistemas de qualidade, o desafio foi lançado a todas as Escolas Profissionais e todas responderam. No Ensino Profissional, até o seu corpo docente está organizado, à priori, de uma forma mais colaborativa face ao Ensino Científico-Humanístico. Por exemplo, neste último há um diretor de turma, no profissional há um orientador educativo, e isto diz tudo sobre a forma de organização das Instituições de Ensino.