A primeira fase, a segunda fase, a terceira fase, ansiedade, pressão e de novo ansiedade… para mim, é isto o acesso ao Ensino Superior. Estás entre os 17 e os 18 anos, com borbulhas criadas pela dita ansiedade, porque naquela altura é quase impossível crescerem-nos cabelos brancos, e aí é que perguntas para ti, “espera, mas eu estou onde mesmo?”…
O difícil é conseguires responder a esta pergunta sozinho, até porque ninguém te vai deixar que o faças. A primeira fase em que te começa a chegar a dita cuja – ansiedade – é quando olhas a sério para a tua média, pela primeira vez, e pensas: “isto no próximo período, nem arrisco, vou fechar-me em casa e só saio para as aulas”. Aliás, na primeira aula do segundo período os nossos professores dizem sempre isto: “há aqui meninos que parece que querem ficar a fazer-nos companhia mais um ano”. E com isto… mais um nível da stamina da ansiedade que começa a subir.
Final do segundo período: como é óbvio não ficaste em casa a estudar. E as notas se calhar até pioram. De seguida, vem a conversa em casa. Uma daquelas conversas que podem resultar num daqueles castigos, que para um miúdo de 17/18 anos é dos piores que há: “Acabaram as saídas à noite!” E tu pensas – ah isto depois passa. Só que não passa. E a partir daí, tende sempre a piorar porque vem o corte na mesada – nem sequer tens hipótese.
Chega junho, primeira fase dos exames, mas quando estás a “estudar”, estás a pensar na praia, nos amigos, nas saídas à noite… pensas em toda a gente, menos no Fernando Pessoa, que continua a aterrorizar muitas pessoas.
Acaba a primeira fase, chegas a casa, primeira pergunta: “Como é que correu?” E nem hesitas. “Acho que correu bem…”. Mas já estás só a pensar em sair disparado de casa para ires ter com os teus amigos. E vais. Passada uma semana, saem as notas. “É pá, isto não dá para entrar onde eu supostamente acho que quero entrar… o que é que vou dizer lá em casa?” Uma coisa é certa: se eu for à segunda fase, “já vou perder aquela festa…” . E pronto, aí cai-te a ficha e pensas – “agora é a sério”. Ficas em casa. No primeiro dia nem sabes bem o que hás-de estudar. E depois surge uma luz ao fundo do túnel que te diz: “há uma cena que se chama plano de estudo, que acho que até é bacano”.
Lá vamos nós, direitinhos para o plano de estudo. E depois fazes tudo (ou quase tudo) certo, mas fica sempre a mágoa de não teres tido um Verão igual a alguns dos teus amigos. Vais de férias em agosto, mas a pergunta não te larga: “será que vou entrar na faculdade? Será que não vou?”… E lá chegamos nós a setembro, com o mindset típico – “isto é para fazer com calma”.
Mas a calma não resolve tudo. Um ano mais tarde, não gostas do curso. Ficas ali meio perdido… E depois, então, “mas eu quero fazer o quê afinal?”. E aí percebes que nunca soubeste bem aquilo que querias fazer. Este foi mais ou menos o meu processo no acesso ao ensino superior. Estive em direito, mas acabei por fazer gestão hoteleira. E agora estou aqui, na rádio, aquilo que realmente gosto de fazer. O importante é perceberes realmente aquilo que queres fazer, o mais cedo possível, por ti e não pela opinião de A, B ou C. E aí vais ver que vais ter um futuro brilhante.
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