A realizadora do documentário brasileiro “Espero Tua (Re)volta” chagará a Portugal mesmo a tempo da estreia em exclusivo no Videoclube da Zero em Comportamento no dia 24 de junho.
Uma excelente oportunidade para falar com alguém que acompanha de perto a realidade brasileira há muito tempo e que poderá dar uma perspetiva muito profunda e atual sobre a realidade vivida no Brasil. O filme acompanha as lutas estudantis no Brasil, desde as marchas de 2013 até à vitória do presidente Jair Bolsonaro em 2018. Com estreia mundial na Seção Generation do Festival de Berlim de 2019, onde recebeu o Prémio da Amnistia Internacional e o Prémio da Paz.
Alexandra Lucas Coelho deu a sua opinião em relação ao filme, sobre ser uma ressonância com a questão do racismo “é como o filme mostra esse contraste permanente, brutal, entre jovens, em maioria pobres, negros, e os brancos engravatados no poder. Há uma sequência, espécie de resumo dos alicerces do Brasil, em que os estudantes, já há muito em luta, com muitas noites em claro, muito trabalho, ainda assim esfuziantes de energia e força, estão diante de uma mesa de fantasmas engravatados. A vida, uns degraus abaixo, sem microfone, mas vibrante , e lá no topo, como mortos-vivos, os mandantes pálidos, com direito ao microfone e à última palavra, todos os homens, brancos, engravatados, empertigados. É o contraste entre qualquer rua do Brasil e os deputados no Congresso. O contraste entre os estudantes de escola pública entregues à luta pela sua própria educação, ocupando o asfalto, e a madameque nunca viveu estes problemas, porque como toda a elite tem acesso a escolas privadas, e quer passar com o seu carro. Atrasada, sim, mas não meia hora. Centenas de anos”.
A realizadora pretende que quem assista, caso concorde ou não com a atuação dos estudantes, consiga refletir sobre o que significa o ativismo, num momento em que os setores brasileiro se esforçam pela sua criminalização.