Fascina-me o ultrapassar de barreiras.
Tudo o que está balizado com limites tem tendência a tornar-se interessante, sejam elas físicas (como o Muro de Berlim) ou não tão visíveis (inserir exemplo mais original do que os limites do humor).
Lembro-me da minha rotina quando estava no ensino básico/3º ciclo. Ir às aulas, ser uma pessoa mais feliz quando tinha tarde livre, voltar para casa, ligar o computador e jogar. Sims, PES, FIFA, Football Manager, CrossFire, Counter-Strike… não fui de todo um ‘pro’ (apesar de ter um irmão mais velho muito batido no assunto – sim, irmãos mais velhos, vocês têm muita influência neste tema), mas joguei o suficiente para perceber que se gaming fosse um discurso, jogar era o pigarrear.
Com o jogo vêm os chats, com os chats vêm as pessoas e com as pessoas vem a vida. Por mais que se goste de jogar, o ato de ligar o computador/consola, começar um jogo e tornar-se secante pelo facto daquela pessoa não estar online… pode acontecer num ápice.
Nem preciso de pesquisar, mas aposto que pelo menos um casal conheceu-se num jogo online. Estou a mentir, fui pesquisar. E pelo menos a Débora e o Luís, um casal brasileiro, conheceram-se há sete anos a jogar World of Warcraft e moram juntos há três. O número de amizades nem vale a pena procurar – a internet pode ter muitas coisas bonitas, mas as melhores são incontáveis. Dito isto: lá se foi a barreira do ‘gamer eremita que não sai do quarto para conhecer pessoas’. Atualmente, quem diz isto pode ter menos amigos que um jogador.
A evolução do gaming também não deve estar a ser muito amiga dos pais. ‘Não podes perder horas por dia numa coisa que só te dá gozo e nunca te dará dinheiro’. Ups, alguém bateu à porta. É 2019. Porque jogar pode já não ser só jogar. Pode também ser criar conteúdo para uma plataforma online.
Ter uma comunidade de espetadores que paga para ver o que jogas, como jogas, o que achas do jogo. E dos jogos partir para outras curiosidades, como a música, filmes e até mesmo questões do quotidiano (a tal premissa dos chats – pessoas – vida mencionada acima).
Indo ao extremo da questão: quem ganha torneios de jogos como League of Legends e Counter-Strike tem fortunas na conta bancária.
Em relação à influência dos jogos na mentalidade humana: acho muito mais provável um jogo estratégico transmitir valores de trabalho em equipa para a vida real do que GTA’s desta vida criarem epifanias para irmos atropelar pessoas aleatórias na rua.
Fascina-me o ultrapassar de barreiras e por isso mesmo fascina-me o gaming.
Acho muito complicado um mundo que cria entretenimento, forma laços e estimula a economia não ser fascinante.
[Imagem: Mega Hits]
[Texto: Alexandre Guimarães]