Diogo, Jéssica e Henrique são alunos do ensino profissional. Cada um, possui uma única experiência, traçada pelas suas escolhas e mudanças, que se transformou em aprendizagem e numa bela estória que contaram à Mais Educativa.
Revelaram-nos como é ser aluno desta via de ensino, o que de melhor lhes trouxe e o que há de errado no sistema educativo do nosso país.
DIOGO – 2ºano do Curso Profissional Técnico de Contabilidade
Diogo estava num Curso Científico-Humanístico, na área de economia, mas decidiu mudar para o Curso Profissional Técnico de Contabilidade e o arrependimento não faz parte da sua vida, muito pelo contrário…
O que estás a achar do teu curso?
Estou a gostar muito, já desenvolvi bastantes competências que não me davam no Ensino Regular. Ganhei mais à vontade a falar com as outras pessoas, a apresentar e desenvolver projetos. O curso não é focado só numa área específica e é muito importante possuir essa flexibilidade.
Porque escolheste o Ensino Profissional?
Eu estive um ano no Curso de Ciências Socioeconómicas. Sempre foi uma área que me fascinou bastante, mas não encontrei no Ensino Regular algo que me cativasse. Então, preferi ir para uma parte mais técnica, descobri o Curso Profissional Técnico de Contabilidade e achei interessante.
Sentes que o Curso Profissional te oferece uma vertente prática que o Curso Científico-Humanístico não te deu?
Sim, o Ensino Regular é muito teórico e aprendemos muitas coisas que, para mim, não são necessárias, enquanto que o profissional foca-se na área que queremos seguir e é muito mais prático. Eu quero ir para a faculdade. Muitos querem ir já para o mercado de trabalho, eu quero aprender mais. Muitos módulos que tenho e vou ter no meu curso, também vou ter na faculdade e isso já me vai dar um avanço e uma ajuda.
O que aprendes diferencia do que se aprende no Curso Científico-Humanístico?
Um pouco, mas não muito.
Consideras que o facto de estares numa escola de Ensino Profissional te dá mais abertura para criares projetos e fazeres mais pela tua escola?
Sim, sem dúvida. Os professores e a direção da escola apoiam-nos bastante o que facilita o desenvolvimento dos nossos projetos.
Quanto ao acesso ao Ensino Superior, achas que vais sentir alguma dificuldade?
Os nossos módulos não são exatamente iguais aos dos Cursos Científco-Humanísticos, mas nós temos ajuda externa que vem à escola para nos preparar para os exames e a matéria não diferencia assim tanto. Não acho que seja uma dificuldade assim tão grande.
Agora os alunos do Ensino Profissional, em certas instituições, podem ser submetidos a critérios específicos para entrarem no Ensino Superior, não tendo que (em certos casos) realizar os exames nacionais. Qual a tua opinião relativamente a isto?
Temos comentado todos um pouco sobre isso. Pode ser bom, mas também, pode ser mau. No meu caso, eu tenho uma média razoável e sinto-me preparado para fazer o exame. Quero mesmo entrar no Ensino Superior com o exame. Se calhar, de outra forma, não sei se entro. Ainda não temos muita informação sobre isso e tenho um bocado de medo do desconhecido, de toda esta incerteza.
Conhecer outro país enquanto estudo? Sim, quero!
JÉSSICA – 2ºano do Curso Profissional Técnico de Organização de Eventos.
Jéssica acredita que é a partir do conhecimento de novos países e pessoas, que crescemos e ganhamos aptidões importantes para o futuro profissional. O facto de o curso que atualmente frequenta, ter um programa de Erasmus, foi a principal razão que a levou a trocar um Curso Científico-Humanístico por um Curso Profissional.
Como está a ser a tua experiência como aluna do Ensino Profissional?
Está a ser muito boa. Eu estava num curso de Ensino Regular e troquei para um curso de Ensino Profissional. Foi a melhor decisão que eu tomei. Aqui é tudo muito mais prático, sou muito mais ativa, desenvolvo muito mais as minhas capacidades linguísticas e a minha forma de falar em público e com as pessoas. A escola dá-nos bastantes oportunidades. Todos os dias tenho alguma coisa nova para estar envolvida e conhecer mais pessoas. Tanto pessoas de nacionalidade portuguesa, como pessoas de outros países. Fui recentemente a uma competição europeia na Finlândia e conheci pessoas deste país, da Islândia, da Noruega e da Itália.
“Sem um objetivo não existe motivação”
O que te levou a trocar um Curso Científico-Humanístico por um Curso Profissional?
No Curso Científico-Humanístico, apesar de ter boas notas, não estava muito focada. Não tinha motivação, nem sabia realmente o que queria fazer. Não tinha um objetivo e sem um
objetivo não existe motivação. Então, quis mudar de curso e ir para uma Escola Profissional. Foi o projeto Erasmus que me incentivou a ir para o meu curso e escola.
Através do programa Erasmus tiveste a oportunidade de ir para o Reino Unido. Como foi essa experiência?
Foi muito bom. Foram duas semanas, a escola deu-nos uma bolsa para gastarmos nos cuidados básicos, como em comida ou produtos de higiene. Fiquei mais próxima das pessoas da minha turma e do meu curso. Tive aulas no Reino Unido, em que nos ajudam bastante nas unidades curriculares, a falarmos a língua inglesa, a ter ideias, a trabalhar mais em equipa e a ser mais flexível. Aprendemos a ser mais resilientes, mais compreensivos e a ultrapassar melhor os obstáculos.
APRENDER A CRIAR!
HENRIQUE – 3ºano do Curso Profissional Técnico de Audiovisuais
Henrique já foi cameraman, produtor, argumentista e assistente de arte em diferentes projetos de cinema e audiovisual. O seu sonho divide-se entre ser produtor ou realizador, mas antes disso, o seu próximo passo é tirar um Curso Superior na área de cinema.
O que te levou a escolher o Curso Profissional Técnico de Audiovisuais?
Sempre me senti atraído pelos bastidores da televisão e do cinema. Um dia convidaram-me a visitar os estúdios de uma estação de televisão. Nesse momento, percebi que a área audiovisual poderia ser o meu futuro.
Porque escolheste um Curso Profissional e não um Curso Científico-Humanístico?
Escolhi um Curso Profissional porque é nesta área de ensino que este curso está melhor organizado e onde se encontram as melhores escolas.
Este curso contribuiu para melhor desempenhares as funções que tiveste, nos projetos audiovisuais em que participaste?
O curso que frequento deu-me todas as bases técnicas, científicas e comportamentais para o desenvolvimento dos projetos em que participei. Os projetos que contribuíram mais para a minha experiência foram a campanha antitabagista, “Opte por Amar Mais”, em que participei como assistente de arte e “A Presidente”, uma curta-metragem realizada pelo meu colega Rui Pinheiro e em que fui produtor e que se encontra em competição em festivais internacionais de cinema.
Consideras que este ensino te prepara devidamente para o mercado de trabalho?
Penso que sim, em particular o estágio que desenvolvemos em ambiente de empresa.
Acreditas que após a tua formação arranjarás emprego facilmente?
Arranjar um emprego nunca será fácil, mas sei que tenho todas as competências para conseguir trabalho no futuro.
[Foto: cedida por um dos entrevistados]