Brasileiro de gema, MC Fioti viu o seu tema Bum Bum Tam Tam superar todas as expectativas. Quase um bilião de visualizações no Youtube depois e já com uma legião de fãs espalhados pelos quatro cantos do mundo, o cantor e produtor viu o sucesso a chegar “de rajada” e tem conseguido alcançar tudo o que ambiciona.
Como tem sido esta grande viagem?
Comecei por ter um sonho igual ao de muitos jovens da periferia de onde vim. Sonhava ser jogador de futebol… Mas rapidamente percebi que não tinha jeito para isso! Por volta de 2009, quando tinha uns 13 ou 14 anos, conheci o mundo da música e apaixonei-me. Comecei a mexer no computador e percebi que até tinha dom para produzir! Continuei a investir nisso, a tentar, fui batalhando. Estou, aos poucos, a conseguir alcançar o sucesso e a conquistar o público. Estou muito feliz com o caminho que tenho feito. Tenho tido muitos shows na agenda, só em Portugal foram quatro.
Com 13, 14 anos o que cantavas?
Na época, o funk que se fazia nas comunidades tinha muito temas reais, falava maioritariamente sobre a realidade. Sobre o governo, assaltos, acontecimentos da favela. Era um funk consciente, cantávamos sobre isso. Depois tudo foi mudando, começámos a adotar um estilo mais pop e que dava para dançar. Antigamente, o funk só tinha mesmo uma origem, que era o funk consciente, o chamado “proibidão”. Hoje foi generalizando, já há vários estilos e variações! Mas foi assim mesmo que nesse comecei, a cantar sobre a nossa realidade.
Como surgiu a ideia para o Bum Bum Tan Tan? Deve haver por aí algum segredo por detrás desse êxito que viralizou…
Aconteceu num dia normal! Eu estava em casa e surgiu-me a vontade de criar uma música nova. Foi então que comecei a procurar pelo youtube, em busca de algo diferente para poder fazer sample. Pesquisei, pesquisei… Andava atrás de um som de flauta e acabei por encontrar a partitura de Bach. Gostei muito, fiz download e comecei a ouvir e a editar. Depois fiz a batida e escrevi a letra. E pronto, saiu Bum Bum Tan Tan! Lançámos a música e dois dias depois tinha 2 milhões de visualizações no banner…. Pouco tempo depois, saiu o videoclipe…. E pronto, viralizou!
Depois disso veio o reconhecimento! Como foi para ti lidar com a fama?
Foi difícil adaptar-me. Estive oito anos a correr atrás disso, porque já tenho dez de carreira. Então quando veio, veio tudo de uma vez! Entrei para a produtora, trabalhei durante um ano e no segundo veio o sucesso mundial. O meu reconhecimento não foi algo gradual, que começou no Brasil e expandiu aos poucos! Nada disso! Foi um boom muito rápido. Depois de tanto tempo seguido a batalhar, o sucesso chegou todo de uma vez: êxito mundial, tournées internacionais, shows pela Europa toda e pelo Brasil inteiro. No início foi difícil, mas já me acostumei. Os meus fãs são muito importantes para mim.
A que artistas vais buscar inspiração?
Um dos exemplos é o Dr. Dre. É alguém com quem me identifico muito, porque canta e produz. Tem o seu próprio negócio. E isso é tudo o que eu quero fazer da minha vida: lançar-me no Brasil e no resto do mundo, tanto a cantar como a produzir e a revelar artistas.
O que estás a achar de Portugal e do público português?
Comecei a perceber que o funk é novidade aqui em Portugal! Estou a achar tudo ótimo neste país. Sou muito bem recebido por todos, as pessoas reconhecem-me na rua, pedem para tirar fotografias… É muito gratificante. Andar pela rua no Brasil e praticamente não conseguir andar porque há muita gente a pedir para tirar fotos já é normal para mim… Mas vir a Portugal, chegar aos espetáculos e ouvir as pessoas a gritar o meu nome e cantar as minhas músicas… Nem tenho palavras para expressar, é uma sensação única.
Se pudesses escolher um artista com quem partilhar o palco, quem era?
Eu ressuscitava o Tupac… Já que não é possível, escolhia o Eminem. O Dr. Dre a produzir uma música minha e do Eminem… Nossa! Ia ser uma explosão.
Colaboraste com o Future e com o J Balvin! Como foi a experiência?
Imaginem, eu compus e produzi a música… E, de repente, recebo a notícia de que há o projeto de ter o J Balvin e o Future a cantar por cima da batida que eu criei! Eu só pensei “Isto é surreal, não é possível”. Pensava que não ia correr bem, tinha muitas dúvidas. O J Balvin a cantar funk? Não… O Future, um artista do hip hop e do trap, a participar na minha música? Foi difícil de acreditar. Só acreditei depois de comprovar que o remix expandiu mundialmente a música e que o projeto deu certo!
[Fotos: Vidisco]