A meio de novembro zarparam da ocidental praia lusitana três veleiros que levaram consigo a memória de quatro países diferentes para um inóspito Oceano Atlântico. O WEST, o NADA e o Crimson Voyager são essas três mini-embarcações, que estão integradas no programa Leva Portugal ao Mundo.
A mensagem da garrafa do século XXI
O Leva Portugal ao Mundo nasceu quando um barquinho veio dar à costa portuguesa e ninguém sabia o porquê. Acontece que o WEST estava integrado no projeto Educational Passages, ou seja, uma escola norte-americana tinha-o construído e lançado ao mar de forma a levar uma mensagem para outro país por onde o barquinho parasse. A ideia floresceu em Portugal e foi implementada cá.
Tendo como base a ideia original, são já 14 os países que aderiram a estes barquinhos. Em Portugal, as escolas envolvidas são a Escola Básica 2,3 Amadeu Gaudêncio, o Externato Dom Fuas Roupinho, a Escola Básica de Santo António, a Escola Básica José António d’Ávila, a Escola Profissional da Horta, a Casa de Infância de Santo António, a Escola Básica e Secundária Anselmo de Andrade, a Escola Básica da Torre e a Escola Básica Bartolomeu Perestrelo.
Uma atividade, quase todas as disciplinas
Este é um projeto multidisciplinar e ao embarcarmos no Leva Portugal ao Mundo, estamos a comprometer-nos com um a dois anos de trabalho ligado ao mar, em quase todas as disciplinas. Quando uma escola quer participar, tem de falar com a Direção-Geral da Política do Mar para que esta encomende um kit com a estrutura do barco, GPS e outros materiais.
Depois disso, os alunos em Educação Visual e Educação Tecnológica trabalham na parte estética da embarcação, ao mesmo tempo que são feitas parcerias com entidades locais como clubes náuticos. Sendo que o objetivo é partilhar mensagens com outros países através dos barquinhos, nas disciplinas de línguas podem ser escritas as mensagens. Também a Geografia e a História podem pegar nesta iniciativa e incluir nas suas aulas, abordando por exemplo os Descobrimentos. Depois de lançados ao mar, é possível seguir os barquinhos, e aqui entra a Ciência, com o estudo das correntes, da maré e da tecnologia marinha, bem como da Matemática, com o cálculo das previsões para o destino do barco. Quase melhor do que envolver tantas disciplinas é a possibilidade de ter alunos a participar, que podem ir desde o 1º até ao 12º ano.
Uma porta para o mundo
Em novembro foram lançados ao mar três veleiros que fazem parte deste projeto. Depois de todo o trabalho que os alunos (de quatro países diferentes) tiveram, a sua história com as embarcações não acabou. Os alunos têm a possibilidade de seguir os barcos através da internet, numa plataforma online, e depois de eles atracarem nalgum país, contactá-los por Skype e auxiliar na adaptação do barquinho à nova cultura. É uma forma de se viajar, ou pelo menos de levar um bocadinho deles para fora do país, sendo que ao longo do tempo mais histórias vão sendo acrescentadas às embarcações, e mais mensagens vão sendo transmitidas.
Terra à vista?
O futuro próximo desta iniciativa passa pela participação mais ativa das escolas na recuperação das embarcações em outros países. Para isto, os alunos terão eles próprios de contactar as entidades no país que possa recolher o barquinho, e entregá-lo numa escola.
Mais para a frente, mas ainda na linha do horizonte, está planeado centrar o projeto em Portugal. Se por enquanto o kit tem de ser comprado a uma escola nos Estados Unidos (algo que não fica nada barato), está a ser pensado o desenvolvimento de um kit feito em Portugal, utilizando materiais portugueses, tornando assim o barco ainda mais nosso.
[Reportagem: Afonso Alexandre]
[Fotos: Organização]