É assim que Nuno Ramos encara a sua opção pela advocacia, enquanto se adapta às diferenças entre a vida profissional e aquela que tinha como estudante. Na sua opinião, deves escolher uma área e um curso que te apaixonem e ambicionar ser o melhor, sempre com capacidade de organização para conseguires corresponder ao que pede o mercado de trabalho.
Nome: Nuno Novo Ramos
Atividade: Advogado estagiário
Curso: Licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa
Objetivo Profissional: Concluir a formação na Ordem dos Advogados, e ser advogado
Como surgiu a oportunidade de fazer este estágio?
O estágio de advocacia, por ser obrigatório para o acesso à profissão, é sempre necessário e bastante proveitoso! Por ter um bom currículo, fruto de uma boa licenciatura e também de ter sido Dirigente Associativo durante os tempos de faculdade, consegui ter um estágio bastante completo e preenchido. Foi dividido, sendo que nos primeiros seis meses tive a possibilidade de estagiar numa das maiores sociedades de advogados e desenvolver competências mais técnicas e de cariz empresarial. Entretanto enveredei pelo caminho natural das coisas, e atualmente o meu estágio decorre no escritório de família.
Qual é a importância de um estágio, tendo em conta a sua área de atividade e o curso que tirou?
É a maior! Como já referi, para o exercício da profissão é necessário efetuar o estágio. Mas a sua necessidade vai além disso. Reflete-se no primeiro choque com a realidade, com a disparidade da sociedade, que vai de problemas sociais a financeiros, a questões familiares. Realidade essa que é impossível aprender nas aulas da faculdade.
Fale-nos dos primeiros dias em contexto profissional. O que aprendeu? Ao que é que teve de se habituar? O que mudou em si?
Na faculdade pensamos que aqueles tempos são duros. É o maior erro de sempre! A vida profissional revela-se ainda mais dura. Os horários são apertados e o tempo livre é curto. Obriga a que exista da nossa parte uma organização muito maior.
No inicio é complicado gerir a vida profissional com a social, com o tempo para a família e até para os nossos passatempos – que se tornam cada vez mais fundamentais para fugir as rotinas –, mas com o passar do tempo e com uma agenda devidamente organizada, tudo é possível! O dia tem 24 horas, temos de as saber aproveitar.
“A teoria é fundamental, mas de que serve dominá-la sem saber aplicar a prática? É aqui que reside a importância do estágio.”
Ao dia de hoje, o que sente que vai levar deste estágio? Quais são as mais-valias de o ter feito?
Em primeiro lugar, espero que seja proveitoso para o exame final! O acesso à profissão, pelas características do mercado de trabalho, é cada vez mais exigente, e o estágio é sem dúvida o primeiro passo para a formação de um bom profissional, não só a nível técnico, com tudo o que se aprende diariamente, mas também na formação pessoal, com todas as realidades diferentes e desconhecidas que diariamente nos entram pela porta do escritório.
Para fazer este estágio, fez uma licenciatura. O que é que ela lhe ensinou que se revelou fundamental para entrar no mercado de trabalho?
Fiz a minha licenciatura na Faculdade de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa.
O curso de Direito tem duas grandes vertentes: Uma mais teórica, com muita doutrina e muita jurisprudência que temos obrigatoriamente de dominar, e outra mais prática, fundamental para o dia a dia da profissão, mas que não vem nos livros.
O meu curso sempre teve uma vertente prática muito forte, e os professores sempre exigiram de nós não só o que está nos livros, como principalmente o que não está. A teoria é fundamental, mas de que serve dominá-la sem saber aplicar a prática? É aqui que reside a importância do estágio.
Em seu entender, do que precisa um jovem para sair da universidade preparado para ser um profissional da área?
Precisa em primeiro lugar de saber aquilo que quer! O que nos move não pode ser um ordenado ao fim do mês – em Direito, essa motivação é completamente errada! Temos de acreditar que vamos para uma determinada profissão para deixar marca, um legado. Só assim seremos bons profissionais! E esta ideia tem de partir desde o início da licenciatura, porque não podemos estar quatro anos a estudar algo de que não gostamos e que não nos faz tremer por dentro.
Em segundo lugar, é preciso organização. Quem não se organiza no tempo de aulas levará muito mais tempo a conseguir adaptar-se ao mercado de trabalho, onde a concorrência é muito maior.
Por último, deve divertir-se sem exageros, e valorizar a máxima que diz que os anos de faculdade são os melhores!
Que desafios vão os jovens encontrar no mundo profissional, que não conheciam do mundo académico?
O mundo do mercado de trabalho não é o mundo académico, no qual “temos sempre o recurso”. Os empregadores de hoje pensam que há sempre alguém disposto a fazer o mesmo, por menos dinheiro, e estamos numa constante competição entre colegas (até mais velhos) para atingir objetivos e cumprir metas. E é esta pressão constante que considero o maior choque inicial.
[Foto: cedida pelo entrevistado]
Esta entrevista é parte integrante do Guia de Acesso ao Ensino Superior 2017/18 da Mais Educativa, disponível para consulta aqui.