É assim que a Joana Machado e a Joana Falcão olham para a área de Serviço Social, e mais concretamente, para a sua atividade de Assistentes Sociais. Na opinião de ambas, apesar dos constrangimentos do dia a dia, esta é uma profissão que melhora a vida das pessoas e que promove uma mudança na sociedade.
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Nome: Joana Machado
Empresa e Atividade: Benéfica e Previdente – Associação Mutualista
Formação: Licenciatura em Serviço Social no Instituto Superior de Serviço Social do Porto
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Nome: Joana Falcão
Empresa e Atividade: Associação de Solidariedade e Ação Social de Ramalde, IPSS
Formação: Licenciatura em Serviço Social no Instituto Superior de Serviço Social do Porto
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Que atividade(s) profissional(is) desempenha atualmente?
Joana Machado – Terminei a minha licenciatura no ISSSP em 2004 e comecei logo a trabalhar como Assistente Social. Atualmente, enquanto assistente social, sou Diretora Técnica de um Centro Comunitário na freguesia de Campanhã, concelho do Porto, da Associação Mutualista Benéfica e Previdente, que desenvolve um amplo conjunto de atividades para crianças, adultos e adultos idosos.
Em simultâneo, assumo funções de desenvolvimento de candidaturas e outros projetos que contribuam para o crescimento da associação.
Joana Falcão – Sou Assistente Social na Associação de Solidariedade e Ação Social de Ramalde, onde desempenho, igualmente, funções de Coordenadora Técnica nas áreas de intervenção da infância, juventude e intervenção comunitária.
Sente-se realizada diariamente com a sua profissão? Porquê?
Joana Machado – De uma forma geral, sinto-me realizada com aquilo que faço. Apesar dos constrangimentos com que me confronto diariamente, tive a oportunidade de aprender, durante a minha formação escolar e profissional, que os assistentes sociais devem ser capazes de procurar os recursos e as estratégias que melhor se adequem às problemáticas que atingem as pessoas com quem trabalham, mesmo quando o cenário não é favorável e se apresenta como muito difícil de contornar. É um trabalho que pode ser bastante duro, desafiante e exigente, mas também é gratificante quando conseguimos contornar obstáculos e produzir mudanças, mesmo que aparentemente pequenas, na vida das pessoas.
Joana Falcão – Penso que a profissão que escolhi vai ao encontro daquilo que acredito enquanto cidadã, e não só enquanto profissional, e por isso sinto-me realizada, pois acredito numa intervenção social que capacita pessoas, promovendo mudanças individuais e sociais.
Obviamente que existem dias difíceis, onde a motivação se esmorece e pondero toda a minha intervenção, mas rapidamente foco a minha atenção para o que realmente importa: trabalhar com e para pessoas que estão em situação de exclusão. Quando nos focamos nisso, é impossível não nos sentirmos realizados.
Que papel desempenhou a sua formação superior para hoje ser uma boa profissional? De que forma é que a preparou?
Joana Machado – Foi fundamental, porque foi exigente do ponto de vista intelectual, porque me foram colocados desafios estimulantes, tanto no contexto de aula como em estágio, e porque tive a oportunidade de aprender com professores que acreditavam verdadeiramente que a mudança social pode ser concretizada e que os assistentes sociais podiam fazer a diferença.
Aprendi, durante a minha formação no ISSSP, que os assistentes sociais não devem ter uma função caritativa ou assistencialista, e que podem ser capazes de contribuir para gerar processos de transformação individuais e coletivos; para isso, têm necessariamente de se apropriar do conhecimento científico e não apenas “tirar” um curso superior.
Joana Falcão – A minha formação no ISSSP foi fundamental para o exercício da minha profissão. Em primeiro lugar, porque acredito nas metodologias, componente teórica e prática que me foi ensinada e onde aprendi realmente quais os caminhos para uma intervenção que visa o desenvolvimento social. Mais do que isto, o Instituto fez, ao longo dos 4 anos de licenciatura, com que refletisse constantemente sobre a profissão e as suas práticas, e este exercício definiu a profissional que sou hoje.
Em seu entender, o que é mais importante na transição da universidade para o mercado de trabalho?
Joana Machado – Pela minha experiência, o estágio e as oportunidades de interação institucional proporcionadas pelo ISSSP foram determinantes nesta transição, na medida em que me permitiram apropriar de competências e saberes também eles determinantes para o exercício da profissão. O facto de se tratar de uma instituição reputada, com tradição no ensino do Serviço Social, foi também um fator importante nesta transição, uma vez que o mercado de trabalho está mais disponível para acolher quem realiza lá a sua formação.
Joana Falcão – Penso que demonstrarmos o saber aprendido é fundamental, ou seja, argumentar e defender opiniões bem fundamentadas, e este trabalho é realizado através dos locais de estágio e do respetivo acompanhamento nas aulas que nos permitem potenciar o nosso conhecimento. Penso que a preparação para uma integração no mercado de trabalho é importante, pois permite-nos testar com retaguarda, saltar com a certeza da rede protetora e durante a licenciatura foi-me permitido arriscar, refletindo nas fraquezas e nas forças que a minha intervenção iria ter em determinada comunidade.
Que conselhos pode dar aos jovens que estejam indecisos na escolha desta área de formação?
Joana Machado – É sobretudo muito importante que ponderem e que escolham convictamente, que façam uma autoanálise à vossa disponibilidade para estudarem e trabalharem muito, pois só assim estarão à altura de uma formação e de uma profissão exigentes. Uma profissão exigente, por vezes intensa e dura, mas também muito desafiante e gratificante.
Joana Falcão – Ser assistente social é uma profissão que considero estar aliada à nossa condição enquanto interventores na sociedade. E, por isso, todos aqueles que olham à sua volta e não conseguem ficar indiferentes às desigualdades presentes, em maior ou menor escala, devem aproveitar esta formação para adquirir conhecimentos e se especializarem na luta por uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.
[Fotos: cedidas pelas entrevistadas]