Para o Marco Roda, este é um dos segredos para o sucesso no mundo profissional. Marco acredita que a sua vida académica lhe possibilitou uma “integração pacífica no mercado de trabalho”, mas foi a sua motivação e o seu interesse pela área das Tecnologias que fizeram dele o profissional que é hoje.
Nome: Marco Roda
Empresa e Atividade: Fellow (research engineer) no CERN (Genebra, Suíça), no grupo Magnets, Superconductors and Cryostats (MSC)
Formação: Mestrado em Engenharia Eletrotécnica (ramo de Eletrónica e Telecomunicações) no Instituto Politécnico de Leiria
Como surgiu a oportunidade de fazer este estágio?
O estágio no CERN surgiu através de um email que circulou na escola, na altura do meu 1º ano de mestrado. Eu e mais dois colegas meus decidimos concorrer para uma bolsa como technical students. Concorri, fui selecionado, e tive depois uma entrevista por Skype. Comecei no CERN em outubro de 2013, num estágio com a duração de um ano e dois meses.
Tendo em conta o teu curso, que mais-valias traz o contacto com as empresas? E no teu mestrado, concretamente, o que destacas neste aspeto?
O contacto com as empresas, ainda que numa fase mais avançada da vida académica, é essencial na formação de um estudante de Engenharia ou em qualquer uma das outras áreas de formação. De entre muitas vantagens, destaco: rápida integração no mercado de trabalho através de uma precoce interação e familiarização com os meios e formas de trabalhar praticados pelas empresas; o contacto estabelecido com as demais entidades empregadoras e o estabelecimento de protocolos entre universidades/politécnicos e empresas da região.
No caso do meu mestrado, no Politécnico de Leiria há a constante preocupação em adaptar os conteúdos lecionados às necessidades das empresas regionais e também nacionais.
Na minha opinião, o mais importante na transição da universidade para o mercado é sem dúvida a nossa capacidade de adaptação a coisas/sítios que estão fora da nossa área de conforto. É essencial um recém-licenciado ter uma mente aberta em relação às coisas que vai encontrar, e ser crítico e flexível o suficiente para tirar o máximo proveito de uma nova etapa sem nunca abdicar dos valores pessoais.
O que é que aprendeste na tua licenciatura que se revelou fundamental para esta relação com o mercado de trabalho? E o que aprendeste no mestrado que não aprendeste no curso?
A licenciatura é a porta de entrada para o mundo académico e para o começo do nosso percurso como estudantes universitários. É uma longa caminhada cheia de altos e baixos que nos vai dar as componentes técnicas e sociais para encarar o que aí vem. Por isso mesmo, é importante encarar a licenciatura com seriedade, ser disciplinado quando é necessário, mas também procurar sempre atividades extracurriculares e uma vida social ativa. Tudo isto é importante para uma integração pacífica no mercado de trabalho.
Em teu entender, do que precisa um jovem na transição da universidade para o mercado de trabalho?
O mais importante, na minha opinião, é sem dúvida a nossa capacidade de adaptação a coisas/sítios que estão fora da nossa área de conforto. É essencial um recém-licenciado ter uma mente aberta em relação às coisas que vai encontrar, e ser crítico e flexível o suficiente para tirar o máximo proveito de uma nova etapa sem nunca abdicar dos valores pessoais. A universidade é mesmo isso: adquirir não só conhecimentos técnicos, mas também soft skills que vos vão ajudar neste mundo novo, cruel e muitas vezes injusto que é o mercado de trabalho.
Aproveitem tudo o que a universidade tem para vos dar e não tenham medo dos desafios e das responsabilidades que poderão vir a ter. É sinal de que estão a crescer como profissionais e que há pessoas que esperam o melhor de vós. É este o meu conselho.
Que desafios vão encontrar no mundo profissional, que não conheciam do mundo académico?
Todos nós tivemos de entregar trabalhos teóricos ou práticos para as várias cadeiras ao longo do curso. Nesses trabalhos, tivemos de ultrapassar os mais variados desafios e obstáculos. No final, ter mais ou menos um valor valia o que valia. No mercado de trabalho é um pouco (muito) diferente. Todos vamos ter de responder ao nosso chefe. Ele é exigente para connosco, espera de nós o melhor e um trabalho o mais profissional possível, ao qual vamos ter que nos dedicar a 100%. No mundo profissional há uma constante competição, que muitas vezes não é saudável e à qual só os mais audazes e inovadores é que sobrevivem. Há que dar o máximo em todos os novos desafios e ser o mais profissional possível em tudo o que fazemos, mesmo quando se está tão bem na cama e não apetece levantar. Tenham gosto no que fazem e acima de tudo sejam profissionais. Tudo valerá a pena.
[Foto: cedida pelo entrevistado]
[Esta entrevista é parte integrante do Guia de Acesso ao Ensino Superior 2016/17 da Mais Educativa, disponível para consulta aqui.]