Com o mandato praticamente concluído, o Ministro da Educação e Ciência faz, no Guia de Acesso ao Ensino Superior da revista Mais Educativa, um balanço do que foi feito ao longo dos últimos quatro anos em matéria de Ensino Superior. O financiamento das instituições, a empregabilidade dos cursos e a aposta no ensino profissionalizante, em entrevista com Nuno Crato.
A poucos meses das eleições legislativas, tem o sentimento de dever cumprido? A seu ver, o que foi feito pelo Ministério da Educação nestes 4 anos que, ao nível do Ensino Superior, mereça ser destacado?
Conseguimos, num contexto particularmente difícil, assegurar o financiamento do sistema de Ensino Superior, que manteve a sua alta qualidade e, em muitos aspetos, melhorou. Introduzimos uma nova oferta formativa direcionada para as necessidades dos jovens e do mercado de trabalho – os cursos Técnicos Superiores Profissionais – e criámos os programas “Retomar”, para estimular o regresso de estudantes que abandonaram o ensino, e “Mais Superior”, para incentivar a fixação de jovens no interior.
O sistema de ação social direta no Ensino Superior foi também significativamente melhorado: aumentou o número de bolsas concedidas e o seu valor médio, e o processo de decisão tornou-se muito mais rápido, para que o tempo de espera pela bolsa seja muito menor.
A criação do estatuto de Estudante Internacional veio permitir às nossas instituições de Ensino Superior o recrutamento de novos estudantes, melhorando o ambiente internacional da experiência educativa oferecida e obtendo novas receitas.
Este Governo disponibilizou mais e melhor informação estatística aos estudantes candidatos ao Superior, às instituições e às famílias do que alguma vez tinha sido disponibilizada no passado, de que é exemplo o portal Infocursos.
O objetivo português e europeu é que a licenciatura esteja na posse de um número cada vez maior de jovens; ao mesmo tempo, pretende-se que ela seja um fator de emprego. Como conciliar as duas coisas?
Nas sociedades modernas a participação no Ensino Superior tem crescido progressivamente em resposta às aspirações dos jovens, e também para satisfazer um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Para corresponder à crescente variedade de atividades que os diplomados vão ser chamados a exercer ao longo da sua vida profissional, a oferta educativa superior diversificou-se, assumindo aqui um papel importante os ciclos curtos, que entre nós foram introduzidos muito recentemente com o título de TeSP: Técnico Superior Profissional.
Foi melhorada a informação oferecida aos estudantes sobre a empregabilidade de todos os cursos, estimulando a inscrição nas áreas de maior procura de Ciência e Tecnologia. Os cursos com baixa procura (menos de 10 alunos) foram impedidos de receber novas inscrições.
A escassez de bolsas de estudo e os cortes no financiamento das instituições são temas com os quais o Ministro da Educação e os jovens têm convivido ao longo dos últimos anos. Como avalia a situação atual?
O número de bolsas de estudo tem vindo a aumentar desde 2011, assim como o valor médio das bolsas atribuídas. Com uma gestão rigorosa das instituições, o rácio entre o número de estudantes inscritos no Ensino Superior e o número de docentes manteve-se inalterado. Temos um bom Ensino Superior, e a criação dos TeSP vem aumentar a diversidade exigida pela população estudantil.
Que mais-valias pode trazer aos jovens a nova oferta de ensino profissional superior?
Os cursos TeSP são uma verdadeira revolução na educação superior em Portugal. É certo que ainda estamos no início deste caminho – estas ofertas ainda só têm um ano de vida. Tivemos 94 cursos aprovados este ano letivo e para o ano há 478 novas formações submetidas a avaliação da DGES. O número de estudantes a optar por esta via vai certamente crescer, a exemplo do que acontece em quase todos os países europeus e norte-americanos.
O balanço é já muito positivo para as formações em curso, com 1343 empresas envolvidas e 3460 estágios assegurados. Esta ponte com o tecido empresarial é uma mais-valia para os jovens, para as instituições de Ensino Superior e para as próprias empresas, que podem assim recorrer a mão-de-obra com qualificação específica para o posto de trabalho concreto em que oferecem um estágio.
Por último, uma mensagem para os jovens em vias de ingressar no Ensino Superior. O que devem fazer para aproveitar da melhor forma este percurso, e que perspetiva devem ter do futuro após a licenciatura?
Todo o nosso sistema educativo deve apoiar cada jovem até ao limite da sua ambição. No Ensino Superior, encontram-se alternativas muito diversas pela área de estudo e pelo objetivo da proposta educativa. Cada jovem tem de refletir no que melhor lhe serve e definir os seus objetivos de futuro. Um curso superior continua a ser um excelente investimento para o futuro, e um passaporte para a realização pessoal do estudante.
Entrevista: Tiago Belim
Foto: Ministério da Educação e Ciência