A existência de estágios curriculares nas licenciaturas disponíveis em Portugal tende a reduzir as taxas de desemprego dos licenciados em cerca de 15 por cento. E se aplicarmos a situação ao ensino superior politécnico, a redução da taxa de desemprego tende a ser de 27 por cento. Esta é a principal conclusão do estudo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, o primeiro realizado no país sobre o impacto da existência de estágios curriculares na empregabilidade dos licenciados.
A investigação desta escola politécnica da Universidade de Aveiro aponta ainda que, nos cursos politécnicos, o facto de os estágios serem obrigatórios tende a reduzir em 28 por cento a taxa de desemprego dos alunos formados. Os resultados do estudo sugerem ainda que a redução da taxa de desemprego é maior (37 por cento) quando os estágios são faseados, por comparação com o modelo de estágios únicos e tendencialmente no final da licenciatura (15 por cento).
A investigação da ESTGA é a primeira em Portugal a avaliar as vantagens da existência de estágios curriculares no ensino superior nacional na hora de aceder ao mercado de trabalho, e analisou todos os cursos de licenciatura existentes no país com dados de desemprego registados no IEFP em junho de 2013, no total de 1158 licenciaturas (das 1621 existentes), tanto públicas como privadas. Destas, aponta o responsável Gonçalo Paiva Dias, “48 por cento incluem algum tipo de estágio nos respetivos planos curriculares”.
Uma percentagem que “é bastante mais significativa no ensino superior politécnico, em que 65 por cento das licenciaturas incluem estágio, do que no ensino superior universitário, em que apenas 28 por cento os incluem”. Essa percentagem, sublinha o investigador, “é também maior no ensino superior privado, com 56 por cento das licenciaturas a incluírem estágio”. No ensino superior público apenas 44 por cento das licenciaturas os integram.
O estudo agora divulgado lembra que em Portugal, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, a taxa de desemprego entre os jovens, no primeiro trimestre de 2013, foi de 42,1 por cento. “Embora esta taxa seja inferior entre os licenciados é, no entanto, preocupante, uma vez que tem vindo a aumentar concomitantemente com a visibilidade social do desemprego neste grupo de jovens”, alerta o investigador.
[Foto: Universidade de Aveiro]